O antigo Presidente da República Jorge Sampaio morreu hoje aos 81 anos, no hospital de Santa Cruz, em Lisboa.
Numa declaração aos jornalistas desde a sede do Bloco de Esquerda (BE), em Lisboa, Catarina Martins transmitiu as "mais sentidas condolências à família de Jorge Sampaio, aos seus amigos, a quem lhe era mais próximo e ao Partido Socialista".
"Jorge Sampaio é uma figura central da democracia portuguesa. Foi líder da revolta estudantil de 62, advogado de presos políticos, teve uma participação ativa no 25 de Abril e depois da revolução soube fazer pontes à esquerda que permitiram projetos novos para o país, que o levaram às vitórias na Câmara de Lisboa e como Presidente da República", enalteceu.
Na perspetiva de Catarina Martins, Sampaio "foi até ao último dos seus dias um lutador por esta ideia de um Portugal aberto, cosmopolita, solidário, defensor dos direitos humanos".
"Nas causas nacionais como nas causas internacionais, da luta pela independência de Timor-Leste, o seu trabalho sobre a tuberculose, o seu trabalho contra a pobreza, soube sempre unir e ser exigente para com um país que ajudou a construir da sua democracia", elogiou.
Para a líder do BE, a "última luta" do antigo chefe de Estado sobre o "papel no acolhimento dos refugiados é também testemunha deste seu empenho cívico pelos direitos humanos e pela solidariedade".
O partido tinha agendada para esta manhã uma conferência de imprensa sobre leis do trabalho, combate à precariedade e Orçamento do Estado para 2022, mas cancelou-a devido à morte de Jorge Sampaio, bem como a restante agenda de campanha eleitoral autárquica "para já durante estes dois dias", segundo Catarina Martins.
Entretanto, numa à comunicação social, o BE "saúda a memória de Jorge Sampaio, figura central da construção da democracia portuguesa" e refere que, "ao longo da década de 1960 e até ao 25 de abril, foi um destacado opositor à ditadura".
"Participante ativo no processo revolucionário que se seguiu ao movimento militar de 25 de Abril de 1974, Sampaio foi um dos impulsionadores do Movimento de Esquerda Socialista (MES), integrando o IV Governo Provisório, liderado por Vasco Gonçalves, como Secretário de Estado da Cooperação Externa, em 1975", lembra.
Os bloquistas referem ainda que, depois da adesão ao PS - partido no qual foi dirigente, líder parlamentar e secretário-geral - Jorge Sampaio promoveu, no final dos anos 80, "o processo de convergência que levou à formação da coligação Por Lisboa, que integrou o PS, o PCP e o MDP (sendo alargada em 1993 à UDP e ao PSR, partidos que, seis anos depois, estariam na origem do Bloco de Esquerda)".
"A vitória dessa coligação pôs termo ao domínio dos partidos de direita no município e inaugurou uma nova fase no planeamento e desenvolvimento da cidade", refere.
Durante o seu primeiro mandato presidencial, acrescentam os bloquistas, "estalou a crise em Timor-Leste, que culminaria na independência da antiga colónia portuguesa e no fim da ocupação indonésia".
"Com a sua decisão, impediu a participação militar portuguesa na ocupação do Iraque. Em 2006 e 2007, foi nomeado representante especial do Secretário-Geral das Nações Unidas para a Luta contra a Tuberculose e Alto Representante para a Aliança das Civilizações", enaltece.
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