Estas posições foram transmitidas pelos deputados Pedro Cegonho (PS), Ricardo Batista Leite (PSD) e Moisés Ferreira (Bloco de Esquerda) no final da reunião do Infarmed, em Lisboa, sobre a evolução da situação epidemiológica em Portugal.
Em comum, perante os jornalistas, estes três deputados em representação dos três maiores partidos portugueses defenderam o levantamento das restrições com a manutenção das medidas de proteção individual, embora o social-democrata Ricardo Batista Leite e o bloquista Moisés Ferreira tenham também pressionado o Governo no sentido de o Serviço Nacional de Saúde (SNS) começar a recuperar a resposta a outras doenças secundarizadas nos períodos mais graves de pandemia.
Pedro Cegonho, membro do Secretariado Nacional do PS, observou que a reunião de hoje do Infarmed decorreu "num clima diferente das anteriores", em que havia alguma imprevisibilidade sobre a evolução da pandemia, e acentuou que o país vive no presente um momento de "confiança" no combate à covid-19.
"Há uma correlação entre uma alta vacinação e o baixar dos índices de transmissão. Este esforço nacional conjunto o PS agradece a todos os portugueses pelo facto de terem aderido massivamente ao plano de vacinação", declarou o dirigente socialista.
Para Pedro Cegonho, o país entra agora "num momento de transição, onde os apelos à responsabilidade individual e à cidadania voltam a ser a principal arma de controlo e combate à pandemia".
"Vivemos tempos de confiança com o retomar da vida económica e social. No entanto, terá de haver uma monitorização permanente da situação epidemiológica", acentuou, insistindo, novamente, na questão das medidas de proteção individual e na "adaptação das organizações à realidade que se for vivendo ao longo do tempo".
Ricardo Batista Leite, também candidato do PSD a presidente da Câmara de Sintra, congratulou-se com "a excelente notícia sobre a adesão dos portugueses ao processo de vacinação, abrindo portas que à ideia de que tem de haver vida para além da covid-19".
"Em relação à preparação dos períodos de Outono e Inverno, é fundamental garantir-se que se protege os mais vulneráveis, designadamente os mais idosos. Os especialistas foram unânimes sobre a necessidade de medidas adicionais, tendo sido discutida a possibilidade de se acelerar a vacinação de reforço, a chamada terceira dose, assim como a importância da testagem ser usada como arma de prevenção de eventuais surtos", assinalou.
Depois de transmitir um apelo à continuação das medidas de proteção individual, designadamente em relação ao uso da máscara em situações de aglomeração de pessoas, o deputado do PSD defendeu que o SNS "deve começar a recuperar rapidamente os atrasos impostos por força da pandemia e que motivaram a deslocação de muitos profissionais dos centros de saúde".
"É preciso recuperar as listas de espera nos centros de saúde e que os hospitais comecem a olhar para os pacientes com outras doenças que foram ficando para trás. No setor da economia, caso de utilize a testagem, não há nenhuma razão para não se retomarem eventos de massas e para que não regressem atividades de setores ligados à restauração e diversão", completou.
Por sua vez, o deputado do Bloco de Esquerda Moisés Ferreira considerou que, perante a elevada taxa de imunização da população portuguesa, faz sentido levantar restrições, mas deixou um apelo a quem ainda não se vacinou.
"Aqueles que, por alguma razão, ainda não se vacinaram, quero fazer o apelo a que se vacinem. São poucas felizmente, mas não vale a pena aumentar o risco sobre si e sobre os seus mais próximos", alertou.
Moisés Ferreira sustentou depois que a Direção Geral da Saúde deverá "ajudar" os lares de idosos e outras instituições a reverem os respetivos planos de contingência e de prevenção e salientou que, no plano diplomático, designadamente ao nível das políticas de cooperação, Portugal e a Europa terem de contribuir mais para a vacinação a nível mundial, de forma a evitar que sejam potenciadas novas variantes do novo coronavírus.
Neste ponto, além da intensificação da produção de vacinas, o deputado bloquista insistiu na ideia do levantamento de patentes.
A seguir, numa mensagem direta para o Governo, Moisés Ferreira exigiu que se invista mais no SNS.
"O SNS tem agora inúmeros desafios pela frente, além de lhe caber continuar a monitorizar a evolução da covid-19. Vai ter de vacinar para a gripe neste inverno que se aproxima e tem muitas atividades programadas para recuperar. Uma coisa aprendeu-se: Sem SNS não havia saída para a pandemia. Por isso, é no SNS e nos seus profissionais que devemos apostar", acrescentou.