Costa e PS criticam PSD e recordam discurso de Rio no ano passado

O primeiro-ministro e o PS concentraram hoje as suas críticas no PSD, com António Costa a citar um discurso feito por Rui Rio no ano passado, em que previa aumento do desemprego e um Orçamento retificativo.

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Lusa
07/10/2021 17:48 ‧ 07/10/2021 por Lusa

Política

António Costa

Estas críticas foram feitas por António Costa, pela presidente da bancada socialista, Ana Catarina Mendes, e pelo secretário-geral adjunto do PS, José Luís Carneiro, no final da primeira ronda do debate parlamentar sobre política geral.

Segundo o líder do executivo, em outubro do ano passado, o presidente do PSD, para justificar o voto contra dos sociais-democratas ao Orçamento do Estado para 2021, caracterizou como "irrealista" a proposta do Governo, arriscando mesmo a previsão de que este ano, muito provavelmente, o país seria confrontado com um Orçamento retificativo.

"Chegámos a outubro de 2021 e não temos nenhum Orçamento retificativo", observou o primeiro-ministro, recebendo palmas da bancada do PS.

António Costa citou ainda afirmações de Rui Rio contra o aumento do salário mínimo nacional em 2021 (por alegadamente contribuir para um aumento do desemprego) e contra a descida das propinas no Ensino Superior.

"Ora, o desemprego não subiu e o desemprego até baixou. E o doutor Rui Rio até achou que, apesar da crise, o Governo não deveria ajudar as famílias para que os seus filhos frequentassem o Ensino Superior", referiu o primeiro-ministro.

Depois, neste contexto, António Costa defendeu que o país "está perante duas visões políticas, ambas legítimas, mas diametralmente opostas de olhar e enfrentar uma crise".

   "O PSD, Rui Rio e o CDS-PP continuam a ter a visão de que às crises se responde com austeridade. A nossa convicção é que às crises de responde com solidariedade", sustentou, antes de acusar os sociais-democratas de se terem "desinteressado" do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).

Aqui, o líder do executivo procurou meter uma farpa na vida interna do PSD, dizendo que um dos eurodeputados mais importantes para que tenha sido possível Portugal ter um PRR como o atual "precisamente do PSD, José Manuel Fernandes, que fez um trabalho extraordinário".

"Mas nem assim o PSD foi capaz de compreender que o PRR é um plano para o país e para a economia nacional, não sendo por isso um plano do Governo e muito menos do PS", declarou.

Mas António Costa foi mais longe, dizendo que fica perplexo quando ouve alguns sociais-democratas caracterizarem o PRR como promessas.

"Será que não deram conta que o PRR há um contrato assinado entre o Governo da República e a Comissão Europeia, que especifica as medidas, os investimentos que vão ser realizados, onde vão ser realizados e o respetivo calendário?", questionou.

Antes, a presidente do Grupo Parlamentar do PS observou que, até aquele momento já avançado do debate sobre política geral, na Assembleia da República, nenhuma força política tenha registado que a taxa de vacinação contra a covid-19 em Portugal atingiu os 87% e que a taxa de desemprego regressou aos níveis pré-pandemia.

Mais especificamente para o PSD e para o CDS-PP, Ana Catarina Mendes disse que "ainda há dois meses" esses partidos criticavam as expectativas de crescimento do país, mas "agora nada dizem quando se sabe que Portugal vai crescer este ano acima da média da zona euro e da média da União Europeia".

Neste contexto, insurgiu-se contra a ideia de PSD e CDS-PP que de que o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) "é um livro de cheques do PS".

"O caminho que vamos trilhar é o de escolher a aposta no tecido empresarial e na classe média, particularmente nos mais jovens", disse, aqui numa alusão às linhas gerais da proposta do Governo de Orçamento do Estado para 2022.

Já o secretário-geral adjunto do PS, José Luís Carneiro, disse que "todos os portugueses sabem quem ganhou e perdeu as eleições".

"Na primeira sessão que tivemos no parlamento após as eleições, ouvimos a oposição a perguntar ao PS se queria cumprir os compromissos eleitorais. Todos os autarcas estão convocados para cumprirmos os contratos que assumimos com a União Europeia no que diz respeito ao PRR è às prioridades do novo quadro financeiro plurianual", advogou.

Para José Luís Carneiro, neste debate, "a oposição perdeu uma oportunidade de perguntar ao primeiro-ministro sobre os compromissos de investimento na ferrovia, na mobilidade ou no Serviço Nacional de Saúde"

"É de lamentar que a oposição, hoje, depois de uma campanha eleitoral em que gastou o tempo a atacar o secretário-geral do PS por estar em campanha, não aproveite para lhe colocar as perguntas sobre os compromissos que vão ser honrados", acrescentou.

Leia Também: "Todos partilhamos da revolta geral e perplexidade" da fuga de Rendeiro

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