Marcelo Rebelo de Sousa falou, esta quinta-feira, e pelo segundo dia consecutivo, sobre a proposta do Orçamento do Estado (OE) para 2022 entregue pelo Governo e reiterou a posição já ontem referida: "O que é natural é que haja entendimento, o que é natural é que o Orçamento passe, o que é natural é que não haja crise. Este é o meu estado de espírito".
Recordando que esta sexta-feira vai ouvir os partidos com assento parlamentar, o Presidente da República ressalvou que "cada dia que passa" fica "mais convencido desse estado de espírito". "Tudo o que contribua para o diálogo, para o entendimento e para aquilo que é fundamental para o futuro dos portugueses - que é não perder uma oportunidade, não perder tempo, não atrasar o que já é muito urgente -, melhor", dissertou.
O chefe de Estado não quis comentar a sugestão de Rui Rio de adiar as diretas do partido - tendo em conta a possibilidade de não aprovação do documento na generalidade ou na votação final global. Marcelo asseverou que não comenta "opções partidárias".
"A mim o que me importa é a visão nacional. E a visão nacional, na minha perspetiva é muito simples: este Orçamento calha no fim da pandemia, no começo da recuperação e reconstrução nacional, envolve fundos europeus (que não são só o PRR)", apontou, acrescentando que "também não é indiferente gerir um Orçamento como um todo ou geri-lo com base no ano anterior às fatias mensais".
É completamente diferente arrancar para o próximo ano coxo ou arrancar com o máximo que é possível de fundos europeus e de aposta numa realidade que é uma realidade que se quer duradora no futuro e não transitória, à espera da decisão de uma eleição
"Naturalmente que a faca e o queijo estão nas mãos dos partidos"
Questionado sobre se esta é uma crise artificial, como alegam algumas vozes do PSD, ou segundo as informações de que dispõe se está mesmo perante uma crise política, o Chefe de Estado reiterou que está "convencido de que o natural é o Orçamento ser viabilizado", que "se assim for não há crise" e que "o bom senso aponta para que não haja crise política em Portugal".
"Haverá crise se os partidos entenderem que há razões para provocar essa crise, porque entendem que é melhor chumbar o Orçamento - ao contrário do que eu penso que é natural - e avançar por um caminho completamente diferente", prosseguiu, concluindo: "Enfim, naturalmente que a faca e o queijo estão nas mãos dos partidos políticos, são eles que vão votar o Orçamento".
Recorde-se que o Presidente da República recebe esta sexta-feira os partidos com representação parlamentar, na sequência da apresentação da proposta de Orçamento do Estado para 2022, tendo audições marcadas entre as 13h30 e as 20h00. O primeiro partido a ser recebido será o PSD e o último o PS.
De lembrar ainda que Marcelo Rebelo de Sousa reagiu na quarta-feira pela primeira vez após a entrega da proposta do Orçamento do Estado. "É, para mim, natural que o Orçamento passe na Assembleia. Se ele fosse chumbado, dificilmente o Governo poderia continuar a governar com o Orçamento este ano divido por 12, sem fundos europeus", apontou. Neste quadro apresentado pelo Presidente da República, "muito provavelmente, haveria eleições".
[Notícia atualizada às 16h57]
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