Num cenário de incerteza e à 'beira' de uma eventual crise política, o Presidente da República falou, este sábado, um dia depois de ter recebido em audiência no Palácio de Belém os partidos com assento parlamentar. À margem dos 'Encontros de Cascais', Marcelo Rebelo de Sousa apontou, na antena da SIC e da RTP, que estamos "no começo do começo da viragem" e que "se no começo do começo da viragem temos problemas que afetam a viragem, não é uma boa notícia".
Questionado pelos jornalistas sobre se está 'preocupado' com o debate interno que está a decorrer no PSD, o Chefe de Estado foi taxativo: "Os partidos todos defenderam a sua posição e, em relação à votação na generalidade, esse partido, o PSD, disse qual era a sua posição, que era que votaria contra. Isso já está fechado".
Já quanto a eleições antecipadas, Marcelo prefere "não admitir esse caminho, neste momento". "Para mim, o caminho é o caminho do orçamento, da luz verde, e passar. Tudo o que e seja estar já a admitir que o caminho principal é o contrário, acho que é mau", asseverou.
Após o encontro com os partidos, o Presidente da República apontou que "não" ficou mais pessimista: "Foram muito claras, muito esclarecedoras, e fiquei exatamente com a ideia que tinha, mas foi bom ouvir da parte dos partidos como foi bom que ouvissem da minha parte, para não terem duvidas, que a alternativa a uma passagem do OE é, obviamente, umas eleições antecipadas".
"Continuo a acreditar que o cenário não só mais desejável mas mais natural é não haver crise política. Espero que a próxima semana me dê razão", frisou.
"É uma decisão dos partidos. O Presidente não se pode substituir aos partidos. O Presidente agora o que tinha a fazer, fez: preveniu em público, preveniu em privado. Agora espera. E depois agirá, de uma forma ou de outra: tendo condições, continuando tudo bem, promulgando [o Orçamento do Estado]; não tendo condições, avançando para eleições antecipadas", acrescentou.
O chefe de Estado assinalou ainda que "faltam nove dias" para a votação na generalidade da proposta do Governo de Orçamento do Estado para 2022, marcada para 27 deste mês. "Tudo o que seja feito nesses nove dias permite naturalmente diálogo e permite ver se há ou não uma convergência, como eu espero e desejo, e uma aproximação de posições", terminou.
[Notícia atualizada às 20h45]
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