O independente Rui Moreira toma hoje posse para o terceiro e último mandato como presidente da Câmara Municipal do Porto, no Pavilhão Rosa Mota.
O autarca começou o discurso expressar o seu "profundo sentimento de gratidão" e garantir o seu "inabalável compromisso de continuar ligado ao Porto".
"Um Porto que, para além de ter escolhido, pela terceira vez consecutiva e contra tudo e contra todos, um projeto independente, deu um sinal claro que acreditou sem hesitações, em mim, não se deixou perturbar por névoas falaciosas, manteve-se ao meu lado e voltou a dar-me, com uma vitória inequívoca, a honra e a responsabilidade de voltar a ser presidente da Câmara Municipal do Porto, além do mais, ao lado de uma maravilhosa equipa de vereadores que o soube também homologar", disse, aproveitando para garantir a concretização das promessas feitas pela sua equipa na campanha das Autárquicas.
"Asseguro-vos que, juntos, no Executivo, iremos respeitar cada compromisso assumido na campanha eleitoral, mas também saberemos, como sempre, ouvir e ponderar as posições dos vereadores da oposição", afirmou.
O presidente da Câmara Municipal do Porto comprometeu-se ainda a "tudo fazer" para manter a identidade do Porto e a concluir os projetos que a pandemia de Covid-19 atrasou.
"Quero concluir os projetos que a pandemia atrasou, como é o caso do Mercado do Bolhão, o Terminal Intermodal de Campanhã, a recuperação do Cinema Batalha, a extensão da Biblioteca, o projeto do antigo Matadouro como âncora da minha sempre e inequívoca prioridade: Campanhã, pois tenho a certeza de que esta zona da cidade tem condições únicas para ser uma alavanca de desenvolvimento para toda a cidade", afirmou Moreira.
Ao longo de um discurso de 30 minutos, que tinha a assistir na plateia o presidente da Câmara de Lisboa, o líder do CDS-PP e o presidente do FC Porto, entre muitos outros, Moreira reforçou a aposta em afirmar um "Porto positivo e agregador".
"Tentarei, repito, ser positivo e agregador neste último mandato que o Porto me confiou, pois sei que, depois do inverno pandémico que todos vivemos, há um frio económico e político que se está a aproximar", vincou, pedindo que a cidade se torna a base histórica de um movimento político mais próximo dos cidadãos.
"Não tenho qualquer obsessão por este caminho e estou preparado para abrir o debate sobre este tema", assumiu.
E questionou: "se daqui saíram as tropas liberais, se daqui brotaram as primeiras revoltas republicanas, porque é que daqui não poderá sair um novo movimento cívico que, combatendo a espiral de cinismo, o galopante fosso entre cidadãos e a política e sempre num respeito pelos partidos, aproxime os portugueses de um projeto político intransigentemente humanista e democrático".
Durante o discurso da tomada de posse, Rui Moreira voltou a dedicar a vitória a Miguel Veiga, um dos fundadores do PSD, tal como já tinha feito na noite das eleições, depois de saber que tinha ficado em primeiro.
"Sei muito bem que ele defenderia e orgulhar-se-ia da solução que todos construímos", justificou o autarca.
Entre os muitos agradecimentos, Rui Moreira lembrou o importante trabalho dos colaboradores do município, como as "amigas do Bolhão", que, tal como disse Miguel Torga, são os responsáveis pelo "Porto real e maravilhoso que nasce de uma sombra de trabalho e de sombra". Já entre os elogios que teceu à Invicta, o autarca destacou as "mulheres do Porto", homenageando-as através das palavras de Ramalho Ortigão.
"Mulheres bem feitas, caminhado direitas de cabeça alta, de cintura fina, solidamente torneada e alegres lenços amarelos de ramagens vermelhas sob a curva robusta do peito", citou, acrescentando ainda que estas já foram descritas também como "mulheres divinais, que podiam ter sido desenhadas em carruagens de deusas que calcorreiam as dúvidas, soltando gritos sobrenaturais".
Já a característica "tripeira" que mais o "apaixona e estimula" é que, no Porto, "tudo está sempre em permanente discussão pública, tudo se discute e critica".
Antes de terminar, Rui Moreira garantiu que a Invicta "continuará sempre a ser uma voz de independência e liberdade face aos poderes instalados e centralismo que tanto prejudica o país".
Recorde-se que, após ter vencido as autárquicas de setembro sem maioria absoluta, Rui Moreira estabeleceu um acordo de governação com o PSD.
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