"Portugal, agora, precisava de tudo, de tudo menos de uma crise política. E é lamentável que tenham que ser os portugueses a colher a tempestade semeada pelos ventos do oportunismo da geringonça", afirmou a centrista.
Cecília Meireles falava na Assembleia da República, no encerramento do debate na generalidade do Orçamento do Estado para 2022 (OE2022).
Considerando que "deste orçamento não rezará a história", a deputada do CDS-PP apontou que "dele o máximo que se dirá é que marca o momento em que o senhor primeiro-ministro virou a cara à economia para se entregar à ideologia".
E "em que a esquerda radical impôs a sua utopia face a um mínimo dos mínimos de realismo, em que o país observa que esta maioria -- seja lá a culpa de quem for e a quem a tentarem atribuir -- caiu exclusivamente pelas suas mãos e por isso mesmo não merece de Portugal uma segunda oportunidade", acrescentou.
"O PS sai daqui como um partido cuja arrogância tornou incapaz de se entender seja com quem for", criticou.
A democrata-cristã notou que o primeiro-ministro "afirmava aqui que tinha muito orgulho em ter rompido com o chamado arco da governação", mas ironizou que "o arco chamava-se da governação por um motivo" para concluir que "a teimosia numa governação com o apoio das esquerdas mais radicais conduziu Portugal a uma situação objetiva de ingovernabilidade".
"Quando estamos ainda a sair de uma pandemia, a geringonça não consegue sequer aprovar um Orçamento do Estado", lamentou, referindo que "a geringonça gosta de ventos de feição" e "quando as coisas se tornam difíceis ou quando há sinais de viragens numas autárquicas, rapidamente cada um vai para seu lado, com mais preocupações eleitorais do que vestígios de qualquer sentido de Estado".
Cecília Meireles acusou também os partidos de esquerda de transformarem os últimos orçamentos do Estado "em autênticos leilões", com "os parceiros a competirem pelas medidas simpáticas para por no 'outdoor' e a culparem o parceiro do lado quando alguma coisa corria menos bem ou era mais difícil".
"E todos a fingirem que é possível o Estado dar tudo a todos, e que o Estado tem quaisquer recursos que não sejam aqueles que retira aos cidadãos", acrescentou.
Falando também em "malabarismos", Cecília Meireles lamentou "a banalização das cativações e gavetas cheias de autorizações nunca dadas pelas Finanças, não como instrumentos de execução orçamental mas sim de verdadeiro engano orçamental", defendendo que BE e PCP "adoraram durante anos e orçamentos a fio ser enganados".
Ainda nas críticas, a deputada do CDS-PP sustentou que "Portugal é hoje um dos países mais lentos a recuperar da pandemia" e ironizou que o país ser "um dos últimos a recuperar da pandemia é para o Governo é já uma grande ambição" e isso "é o retrato dos anos da geringonça que nunca entendeu que não é possível distribuir riqueza sem primeiro a criar".
"É o retrato de um país que continua a ser ultrapassado em PIB 'per capita' pelos países do antigo leste europeu, que aprenderem com muitos sacrifícios o que custam as receitas que em Portugal alguns dos partidos desta geringonça ainda hoje querem desgraçadamente aplicar", apontou.
Criticando ainda o que considerou ser uma "criatividade sem limites das taxas e taxinhas", Cecília Meireles afirmou que a economia "cresce muito pouco, mas em que o Estado nunca para de crescer muito mais, mais e mais".
"Nem a política, nem os Governos, nem os Orçamentos têm que ser isto. E tenho a certeza de que Portugal pode ser muito mais", advogou ainda Cecília Meireles na sua intervenção.
[Notícia atualizada às 17h36]
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