"Tivesse o governo aceitado a proposta de Arnaut e Semedo para a exclusividade das profissões da saúde, tivesse concretizado que o próprio PS já defendeu para as pensões antecipadas ou para as indemnizações por despedimento e teria o acordo do Bloco de Esquerda para este Orçamento do Estado", afirmou Catarina Martins no encerramento do debate na generalidade da proposta orçamental (OE2022).
De acordo com a líder do BE, o "Governo não trouxe nada de novo a este debate" que hoje termina no parlamento, considerando que "o primeiro-ministro não avança" num documento cujas escolhas "não tem nada de esquerda nem respostas aos problemas do país".
"[António Costa] Preferiu abrir uma crise política, rompeu todas as pontes, recusou todas as propostas e preferiu ontem voltar ao infeliz discurso da campanha autárquica, prometendo milhões para todo o lado, embalado para eleições antecipadas", criticou.
No entanto, para Catarina Martins, "a geringonça não foi tempo perdido, foi tempo ganho".
"O Bloco de Esquerda foi sempre uma solução, defendeu soluções, está pronto para soluções e sabe que elas fazem o seu caminho. É este o nosso mandato, não faltaremos", comprometeu-se, num momento que gerou um enorme burburinho das bancadas opositoras.
A promessa da líder bloquista foi também de luta em vários domínios.
"Lutaremos por uma maioria para uma saúde digna para toda a gente, por uma democracia que protege a segurança social, por salários e empregos sem precariedade. Medidas de que o país precisa e que respondem pelas pessoas", elencou.
Para Catarina Martins, a "geringonça foi morta pela obsessão pela maioria absoluta, pela recusa das finanças de dar ao SNS carreiras profissionais, condições de contratação e investimentos planeados, pela intransigência que mantém a troika nas leis laborais".
A líder do BE condenou ainda que "a bazuca, base de tantos anúncios" não tenha correspondência no OE2022, reiterando que os bloquistas preferem "soluções a promessas".
"Por isso, apresentámos apenas nove propostas essenciais, era o nosso ponto de partida. Houvesse um compromisso nessas matérias e cá estaríamos para trabalhar na especialidade em muitas outras questões", assegurou.
Na análise de Catarina Martins, ao longo do debate que hoje termina, António Costa "limitou-se a invocar um certo documento do Governo onde estariam finalmente explicadas as razões da rejeição de cada uma das nove propostas do Bloco".
"O documento não circulou, mas tive a oportunidade de o ler e é com desilusão que constato que as razões da rejeição continuam a ser um segredo bem guardado pelo senhor primeiro-ministro", atirou.
[Notícia atualizada às 17h44]
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