PS critica esquerda e avisa que país dirá "como foi um erro chumbar" OE
A líder parlamentar socialista afirmou hoje que ninguém compreenderá que BE, PCP e PEV votem ao lado da direita contra a proposta orçamental e advertiu que os portugueses dirão "como foi um erro chumbar" o Orçamento.
© Lusa
Política OE2022
"Podem hoje chumbar o Orçamento, mas não derrubam o PS, partido de esquerda que faz políticas à esquerda. Chegará o tempo em que os portugueses vão dizer como foi um erro chumbar este Orçamento", avisou, numa alusão à perspetiva de dissolução do parlamento e à realização de eleições legislativas antecipadas.
Ana Catarina Mendes assumiu estas posições no discurso de encerramento do debate parlamentar na generalidade do Orçamento do Estado para 2022, num discurso com críticas à decisão de Bloco de Esquerda, PCP e PEV de votarem contra a proposta do Governo.
"Há hoje um país que olha para este Parlamento atónito e receoso. Ninguém compreende que daqui a instantes o PCP, o BE e o PEV se levantem ao lado do PSD, do CDS, da Iniciativa Liberal e do Chega para votar contra este Orçamento, o Orçamento mais à esquerda e com mais sensibilidade social", sustentou.
No plano político, Ana Catarina Mendes defendeu que o país "não comporta radicalismos" e "quer serenidade e paz social".
"Quer que os governantes resolvam os seus problemas, e não será nunca, nem nunca foi pelo PS e pelo Governo, que a esquerda não se entendeu. Não, não foi o PS que se desviou do caminho iniciado há seis anos.", advogou.
Para a líder da bancada socialista, "votar contra este Orçamento é privar 500 mil crianças que hoje estão em situação de pobreza, crianças que não têm acesso à escola, não têm o mínimo para viver com dignidade, crianças não têm acesso a uma habitação condigna".
"É por estas crianças que o Orçamento não pode hoje ser aqui chumbado. Votar contra este Orçamento é privar mais de 2 milhões de pensionistas de um aumento que melhora a sua condição de vida e é por estes pensionistas que o orçamento não pode ser chumbado", disse.
Ana Catarina Mendes insistiu na tese de que "votar contra este Orçamento é privar milhares de funcionários públicos que esperam uma melhoria do seu salário".
"É privar os portugueses que precisam de uma melhoria de cuidados de saúde, é privar as empresas de mais investimento", declarou.
Ainda em relação ao anunciado chumbo do Orçamento pelo BE, PCP e PEV, a presidente do Grupo Parlamentar do PS considerou que fechar portas "é desistir" da ideia de entendimento de esquerda.
"É desistir de um rumo para um país orientado pela procura de mais igualdade e de mais solidariedade. É desistir do reforço do Estado social, da promoção do combate à pobreza por via da afirmação dos direitos sociais. É como se, na afirmação dos nossos diferentes programas, fosse indiferente o resultado final, fosse indiferente que, no final, as pessoas vivessem melhor ou pior", criticou.
Numa alusão a algumas medidas do Orçamento que poderão ficar em causa com o seu chumbo, Ana Catarina Mendes referiu que "não é indiferente o valor do salário mínimo nacional, o valor das pensões mais baixas, o custo dos transportes públicos, o custo da eletricidade, o custo das creches, o custo da educação, a qualidade do serviço nacional de saúde e a precariedade no trabalho".
"Para conseguir mais não é legítimo deitar fora o que já se conseguiu e o que, passo a passo, seria ainda possível conseguir", completou.
No seu discurso, a líder da bancada socialista considerou ainda que "bloquear hoje, a meio de um processo negocial, ainda aberto, a procura das melhores soluções [no Orçamento] não é escolher fazer a diferença", mas sim "escolher a indiferença".
Ana Catarina Mendes classificou como normal e natural o voto do PSD, CDS-PP e Iniciativa Liberal contra o Orçamento.
"Quando o caminho é diferente, não corta salários, não adia sonhos, não aumenta impostos, não cria incerteza, não defende o Estado mínimo ou as privatizações -- é muito natural, senhor deputado Rui Rio, que a direita não nos acompanhe", afirmou.
No entanto, Ana Catarina Mendes considerou que é "incompreensível" a esquerda colocar-se ao "lado daqueles que têm estado sempre, sempre, contra as conquistas sociais" dos últimos seis anos.
Depois, referiu que a direita política fez a previsão de que a solução de Governo que nasceu em novembro de 2015 não iria funcionar.
"Quem previu que esta solução não funcionaria, enganou-se e enganou-se durante muito tempo, pelos resultados que podemos apresentar", acrescentou.
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