Luís Marques Mendes revelou, este domingo, que o Governo falou sobre um eventual acordo com o PSD-Madeira para viabilizar o Orçamento do Estado para 2022 (OE2022) - uma ideia que se chegou até a ser aceite por Miguel Albuquerque, que se mostrou disponível para negociar -, mas que o ministro Augusto Santos Silva se opôs de forma "categórica."
"O cenário de negociações entre o Governo e o PSD-Madeira foi falado na reunião do Conselho de Ministros extraordinária, na passada segunda-feira à noite. Quem matou a ideia foi o ministro Santos Silva, que fez uma intervenção muito firme, muito categórica, a dizer que era uma perda de credibilidade para o Governo", disse o comentador, no seu espaço de opinião semanal, na antena da SIC Notícias.
Questionado sobre a posição do primeiro-ministro, Marques Mendes não comentou, reforçando apenas que "o assunto foi falado, alguns ministros eram nesse sentido, o ministro Santos Silva foi categórico e primeiro-ministro também foi nessa linha de orientação."
No entender do social-democrata, a posição do ministro dos Negócios Estrangeiros foi acertada, porque se o acordo fosse firmado "passava o orçamento, mas era uma perda enorme de credibilidade política." "Era uma espécie de segundo 'orçamento limiano', que foi um desastre há uns anos atrás", recordou.
"O PCP foi o autor moral e material desta morte política da Geringonça"
Um outro ponto em que o antigo Ministro dos Assuntos Parlamentares insistiu foi na responsabilidade política pelo chumbo do OE2022. "A grande causa desta decisão está no PCP, por isso é que quase ninguém antecipou. Porque o PCP mudou de estratégia, mudou de orientação depois da pesada derrota que teve nas últimas eleições autárquicas, eu próprio só me apercebi desse risco há duas semanas", disse.
Marques Mendes acrescentou, ainda, que o "PCP foi quem há seis anos abriu as portas à Geringonça" e que "o mesmo partido que abriu as portas à Geringonça matou a Geringonça agora", ainda que "com a cumplicidade ativa do Bloco de Esquerda." "O PCP foi o autor moral e material desta morte política da Geringonça."
Paralelamente, o comentador acredita que "este chumbo do orçamento é uma espécie de moção de censura na prática", sustentando que "os partidos queriam chumbar o orçamento, mas queriam também derrubar o Governo."
"A prova disso é que as grandes divergências não eram questões orçamentais. O que eles queriam era o derrube do Governo não era apenas chumbar o orçamento", disse.
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