"Foi ele que derrubou um Governo do PSD que tinha vencido as eleições, foi ele que escolheu passar todas as linhas vermelhas - e aqui eram mesmo vermelhas - e governar com partidos radicais e extremistas de esquerda, contra o projeto europeu e o tratado atlântico", criticou, num encontro com militantes em Lisboa no âmbito da campanha para as eleições diretas do próximo sábado.
Para o candidato à liderança do PSD, foi António Costa que "não quis nunca fazer qualquer ponte com o PSD" e deixou uma pergunta à sala cheia com capacidade para mais de 300 pessoas.
"Como pode agora aparecer António Costa como uma espécie de homem milagre que está disponível para governar com o PSD e termos um PSD que diz que é capaz de lhe ir cair nos braços depois destes anos todos?", afirmou, numa crítica ao seu opositor interno, o atual presidente do PSD e candidato Rui Rio.
Numa intervenção de cerca de 40 minutos, o eurodeputado acusou António Costa e a governação socialista de terem "anestesiado" o país e lamentou que a oposição do seu partido não tenha sido "forte nem vigorosa".
"Foi muitas vezes complacente, condescendente, sempre a estender a mão, a propor acordos, mesmo quando éramos destratados", lamentou.
Rangel reiterou, como tem dito ao longo da campanha interna, que "só concebe um PSD que se apresente aos eleitores como alternativa forte ao PS" e nunca como "um complemento, um suplemento ou um apoio de recurso" dos socialistas.
"Temos a ambição de vencer as eleições e de ter uma maioria que será a que o povo escolher. Se me perguntam qual a que preferimos, claro que é a maioria absoluta", disse, rejeitando as críticas de Rio que o acusou de "ziguezagues" no discurso.
Apesar de dizer que na campanha nunca fez "remoques pessoais" ao seu adversário interno, Rangel foi deixando vários recados ao atual presidente do PSD, como na resposta à crítica que este lhe faz de não estar preparado para ser primeiro-ministro.
"O que eu não estou preparado é para ser vice-primeiro-ministro de um Governo liderado pelo PS", apontou.
Rangel criticou ainda a opção de Rio não ter feito nestas diretas sessões com os militantes - com o argumento de se focar na oposição ao PS -, dizendo não conceber "que se faça uma campanha de gabinete ou de estúdio de televisão".
No entanto, a maior parte do discurso foi dirigida contra António Costa, que acusou de ter perdido "uma oportunidade única" e ter desperdiçado "a melhor conjuntura internacional do século XXI".
"Em 2015, a casa estava arrumada, as contas estavam finalmente em ordem", afirmou, numa referência ao Governo liderado por Pedro Passos Coelho que mereceu muitos aplausos da sala.
Ao longo de seis anos, acusou, António Costa aumentou a carga fiscal "de forma opressiva", mas deixou "degradar os serviços públicos".
"Ao mesmo tempo que nestes anos, entre 2016 e 2020, entraram 60 mil novos funcionários públicos - houve um crescimento de 10% -, chegámos a novembro de 2021 e a falta de profissionais de saúde é evidente, a falta de professores é escandalosa", acusou.
No final da intervenção, Rangel afirmou que, se vencer as eleições do próximo sábado, regressará "o PSD que desperta a alma dos portugueses, que lhes fala com afeto, mas também com racionalidade".
"O PSD que vocês conhecem, o PSD de que vocês gostam, esse PSD estará de volta", assegurou.
Na sessão em Lisboa, marcaram presença o ex-líder do PSD Rui Machete, a militante número 2 do partido Conceição Monteiro, o ex-ministro José Luis Arnaut, os antigos deputados Matos Rosa, José Matos Correia e Teresa Morais e atuais parlamentares como Pedro Pinto, Álvaro Almeida, Cancela Moura, Carlos Silva e Sandra Pereira, entre outros apoiantes como o ex-candidato à liderança Miguel Pinto Luz.
Mais de 46.000 militantes do PSD vão poder votar, no próximo sábado, nas eleições diretas para escolher o presidente do partido e que serão disputadas entre o atual líder, Rui Rio, e o eurodeputado Paulo Rangel.
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