Depois da pausa para almoço do primeiro dia da VI Convenção Nacional da Iniciativa Liberal (IL), que decorre até domingo em Lisboa, o ponto em discussão foi a aprovação da nova declaração de princípios, cuja proposta foi apresentada pelo vogal da Comissão Executiva João Caetano Dias.
Após o debate -- e uma vez que foram apresentadas propostas mudanças -- a mesa decidiu que este ponto ficava suspenso para que os proponentes pudessem enviar as suas alterações a João Caetano Dias para que este as pudesse analisar e integrar, caso assim o decida, tendo a votação da nova declaração revista ficado adiada para domingo.
O dirigente liberal tinha começado por referir na apresentação do documento que os membros do partido são "muito exigentes" e pensam pela "própria cabeça" e não seguem "indicações de um comité central", considerando normais as divergências que já tinham sido manifestadas da parte de manhã por alguns liberais que subiram ao púlpito.
João Caetano Dias citou a letra de uma conhecida canção de Rui Veloso para caracterizar a situação interna da IL: "Muito mais é o que nos une que aquilo que nos separa".
Sobre a declaração de princípios revista, o dirigente explicou que o objetivo foi dar "uma nova organização, que seja mais fácil de comunicar", esperando que em relação a este documento as discordâncias fossem "mínimas", uma vez que foram listadas as ideias que unem todos os liberais, num total de 14 princípios.
Seguiu-se um período de debate, no qual ficaram expressas as divergências ideológicas dentro do partido, com a defesa das várias formas e tendências do que é o liberalismo.
Miguel Ferreira da Silva, o presidente fundador da IL, começou por referir que se revia "totalmente nos princípios que constam desta declaração", mas lançou um repto à Comissão Executiva.
"Que regresse à lógica participativa e que [a Comissão Executiva] fique mandatada para iniciar um processo colaborativo para elaborar uma declaração de princípios", apelou, ressalvando que "na ideologia há questões sensíveis" e que nesta questão seria "diferente ter um processo colaborativo", o que não aconteceu neste caso.
Miguel Ferreira da Silva disse ter "quase a certeza de que as diferenças serão muito ligeiras", mas insistiu que "seria bom" que fosse aprovado apenas "um documento de trabalho" que depois seguisse "um processo colaborativo, aberto a todos".
A ideia de que o problema deste processo era de forma -- por ausência de um processo participado - e não de conteúdo foi sendo repetida do púlpito do Centro de Congressos de Lisboa, intercaladas com discussões sobre as várias de liberalismo.
Mas se houve críticas, também surgiram vários elogios e manifestações de total concordância desta nova declaração de princípios, com apelos ao voto para que esta fosse aprovada por traduzir a essência do partido.
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