Em declarações aos jornalistas no final da convenção liberal, que decorreu este fim de semana no Centro de Congressos de Lisboa, a dirigente e deputada do PSD Isabel Meireles considerou que o discurso de encerramento de João Cotrim Figueiredo -- reeleito presidente com 94% dos votos -- foi bom do ponto de vista formal, mas confessou que "gostaria de ter ouvido mais propostas, mais ideias para o país".
"Foi fundamentalmente um discurso de combate político ao PS. No entanto, não nos deu grandes pistas sobre aquilo que a Iniciativa Liberal pretende fazer relativamente ao programa que vai apresentar nas próximas eleições", sustentou.
Questionada sobre o "ímpeto reformista que outros já perderam", referido pelo líder liberal no seu discurso, Isabel Meireles considerou que "o PSD seria o último partido que seria destinatário desse recado".
"Com os sucessivos Conselhos Nacionais, como sabem, e as diretas das quais o doutor Rui Rio saiu reforçado, sabe-se que o ímpeto é justamente reformista. Mais do que nunca há a vontade e, mais do que isso, há a necessidade de reformar as instituições, o sistema político, a Administração Pública, a saúde, a educação, tudo de alto a baixo", aditou.
Já pelo CDS-PP, Martim Borges de Freitas disse que os centristas estão de acordo com os liberais "quanto à necessidade de haver uma mudança em Portugal e uma mudança de governo", mas quis salientar algumas diferenças entre os dois partidos, confessando que sentiu "alguma desilusão quanto à forma como é entendido o futuro por parte da IL".
As diferenças essenciais entre as duas forças políticas, continuou o centrista, estão "no valor da vida" - uma vez que a IL é a favor da eutanásia e o CDS não -, os centristas são contra o aborto, a liberalização de drogas, ou "a ideologia de género que está a ser aplicada" e em relação à qual "a IL é tolerante".
Mas para além das questões de nível social, também a economia separa centristas e liberais, segundo Martim Borges de Freitas.
"Na economia, se estamos muito próximos no que toca à fiscalidade (...) reconhecemos, ao contrário, que existem falhas de mercado e as falhas de mercado produzem desigualdades e as desigualdades produzem pessoas em estado de vulnerabilidade. E nós somos a direita social e a direita social significa que temos que tratar dos mais fracos", explicou.
Questionado sobre se um crescimento da IL poderá prejudicar o CDS nas eleições legislativas antecipadas de 30 de janeiro, o centrista considerou que "as pessoas sabem distinguir uns e outros e não vão em cantos de sereias".
O centrista considerou ainda que não sabe "se o voto útil é ou não na IL" -- ideia várias vezes referida por João Cotrim Figueiredo nos três discursos que fez aos membros nestes dois dias de reunião magna.
"Porque as pessoas não vão avaliar o voto útil pelas propostas ou promessas que vão ser apresentadas, vão avaliar o voto útil pelo que foram estes últimos anos. E nestes últimos anos a circunstância do voto útil foi diminuída, não existe na verdade voto útil. Porque nós vimos que aquela coligação que ganhou as eleições em dado momento, não foi essa que governou. Porque quem ganha verdadeiramente as eleições, é quem tem mais deputados na Assembleia da República. E, portanto, esse é o nosso papel: tornar útil o voto no nosso partido", rematou.
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