Reportando-se manifesto subscrito por 70 personalidades das mais variadas franjas sociais e que defende a reestruturação da dívida pública, Mário Soares refere que o documento encerra “um objetivo altamente patriótico que tem a ver com um melhor futuro para o nosso país”.
Como tal, condena, no artigo que assina hoje no Diário de Notícias, “a reação sem qualquer sentido”, que o manifesto suscitou junto do Governo, acusando o Executivo de Pedro Passos Coelho de estar “obcecado” e de ter ficado “furioso”, tendo veiculado essa mensagem de “forma muito irresponsável”.
No entender do antigo Presidente da República, esta atitude justifica-se à luz do facto de o Governo estar “completamente paralisado, sem critério”. “Só obedece à troika, sem ter qualquer ideia do interesse nacional sobretudo para o futuro”.
E o atual chefe de Estado, que decidiu exonerar dois consultores que subscreveram o manifesto, também não escapa às farpas de Soares. “Que história e que falta de espírito democrático e de respeito pelos direitos humanos, tanto do Governo como do Presidente da República”, que “uma vez mais procederam da mesma forma, como irmãos siameses do mesmo projeto”, acusa o histórico socialista,
“O povo não pode ouvir mais – nem ver – este Governo inepto e sem vergonha e o Presidente, porque ambos estão a concorrer para a desgraça de Portugal, o empobrecimento da classe média e impondo cada vez mais impostos e cortes inaceitáveis nas pensões”, salienta Soares.
E, volta à carga, o Executivo de Passos e Cavaco “são meros irmãos siameses que quando as coisas azedarem serão os primeiros a fugir…”.
Para o ex-chefe de Estado, “a Direita já deu o que tinha a dar”, e, recorrendo a um cântico deveras popular nas manifestações de que o país tem vindo a ser palco, concretiza: “Demitam-se! Está na hora, está na hora, de o Governo ir embora!”.