SNS garante saúde para todos, diz PS. Não tem "mãos a medir", atira CDS

António Costa e Francisco Rodrigues dos Santos estiveram frente a frente na antena da SIC Notícias.

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Andrea Pinto com Lusa
09/01/2022 21:50 ‧ 09/01/2022 por Andrea Pinto com Lusa

Política

Debate

António Costa e Francisco Rodrigues dos Santos foram os protagonistas do frente a frente desta noite na SIC Notícias. Os líderes do PS e do CDS debateram os temas que são as maiores preocupações dos portugueses, nomeadamente Saúde, Educação e Impostos.

Os candidatos às próximas eleições legislativas mostraram-se em desacordo em praticamente todos os temas abordados. Se por um lado, António Costa assumiu que não cumpriu o objetivo de que todas as famílias portuguesas tivessem um médico de família, por outro lado considerou que o Governo fez reforços muito importantes e afirma que “o SNS é o que garante o acesso à saúde de todos os portugueses”. Já Francisco Rodrigues dos Santos diz não estar “satisfeito” com o que foi feito pelo governo socialista, “porque as promessas são para cumprir e, neste caso, não foi o que aconteceu”.

Eis os principais destaques do debate entre os candidatos do PS e do CDS

Saúde e Médicos de Família

O debate começou com António Costa a ser questionado sobre o objetivo não alcançado de dar um médico de família a todos os portugueses. O primeiro-ministro assumiu que esse objetivo não foi cumprido, mas garantiu que outros reforços foram feitos ao longo dos últimos seis anos, nomeadamente com a contratação, “em termos líquidos, de 28 mil profissionais para o SNS” e com a recuperação “dos cortes feitos na legislativa anterior”. O líder do PS considera que o primeiro objetivo não foi cumprido por duas razões: “porque o número de utentes aumentou e porque é necessário tornar mais atrativa a carreira de medicina geral e familiar”. Contudo, e apesar de não assumir prazos para cumprir este objetivo, garante que continuará a trabalhar nesse sentido.

Francisco Rodrigues dos Santos disse não estar satisfeito com as promessas não cumpridas do Governo e acusou o “o PS na saúde de meter a ideologia à frente dos utentes”. Considerando que o SNS não tem “mãos a medir”, o político centrista lembrou que apresentou duas propostas: uma para que os utentes “que passaram o tempo de espera pudessem ser atendidos nos hospitais privados” e outro que que visava pagar a todos os idosos, com baixos rendimentos, as suas despesas nas farmácias (Vale Farmácias).

Considerado que o “SNS é o que garante o acesso à saúde de todos”, António Costa defendeu que "não é desnatando o SNS que temos uma saúde mais forte para os portugueses” e lembrou que a Lei de Bases mostrou ser “ um bom equilíbrio na garantia de que o Estado cumpre a sua função, que trabalha com os privados no que é de trabalhar com eles, com o setor social, e assim respondemos em conjunto eficazmente àquilo que é essencial, que é garantir uma boa saúde para todos os portugueses”.

Já o líder do CDS, sem querer desistir do SNS, defendeu que o que é verdadeiramente importante para o partido "é que um doente tenha uma consulta, um exame e uma cirurgia a tempo e horas. Porque o que interessa aos portugueses não é saber se a cama do hospital e o médico que o vai tratar são propriedade do Estado ou se o vencimento é pago por uma entidade publica ou privada. Quer é ver o problema de saúde resolvido".

Educação

O tema da qualidade da educação foi levantado por Francisco Rodrigues dos Santos, que questionou António Costa se a liberdade na educação está garantida a partir do momento em que o Ministério tentou chumbar alunos por não frequentarem a disciplina de Educação Cívica. Nesta senda, a pivot da SIC, Clara de Sousa, confrontou o secretário-geral socialista questionando-lhe se estava efetivamente a tentar doutrinar os alunos portugueses com uma ideologia de género.

António Costa lembrou que “os programas da escola são feitos com base cientifica e que a disciplina de educação cívica é tão importante como qualquer outra disciplina porque a escola tem a função básica de formar pessoas para a sua vida e para ser cidadão”.

"Essa disciplina é muito importante para dar noção às pessoas sobre o sistema político, os valores da liberdade, da democracia , uma cultura de risco… Não é uma doutrina de género mas há uma coisa importante: [...] fez ontem 12 anos que pessoas do mesmo género pudessem casar. E essa liberdade, de cada um ser feliz, da forma que entende, é uma garantia importante da liberdade”, defendeu.

O político centrista não concordou e defendeu que “a partir do momento em que se teoriza acerca da sexualidade e só se procura manifestar valores que não são técnico-científicos, as famílias têm liberdade para declinar que a escola possa transmiti-los aos seus filhos”.

“O argumento de liberdade é o que me faz propor que as famílias tenham a opção de escolher que os filhos frequentem aquelas disciplina. É o mesmo que se passou com a Educação Moral, Religiosa e Católica . Alguém tem dúvida de que foram os valores da matriz cristã que fundou a nossa civilização? […] Ninguém tem. Agora, temos que admitir que, no quadro da liberdade, há pessoas que entendam que aquele não é o caminho para educar os seus filhos. Quando se começa a interiorizar conteúdos que são ideológicos e não tem evidência cientifica, deixe-me dizer, a escola não é um tubo de ensaio para as doutrinas do PS e não é um acampamento do Bloco de Esquerda”, atirou.

Redução de Impostos e Natalidade

Foi já na reta final que a moderadora, Clara de Sousa, conseguiu introduzir o tema dos impostos, com o líder do CDS a defender "um choque fiscal", o que mereceu uma resposta imediata por parte de António Costa.

"Nestes vinte anos, sempre que a direita falou em choque fiscal a primeira coisa que fez quando chegou ao poder foi aumentar impostos", avisou.

Rodrigues dos Santos apresentou uma das propostas do programa eleitoral dos democratas-cristãos - que todas as famílias desçam um escalão de IRS a partir do segundo filho - que foi igualmente atacada pelo líder socialista.

"Essa visão de paraíso na terra não existe. Esse exemplo é muito claro da visão injusta que a direita tem da política fiscal. Nós propomos que as famílias deduzam 900 euros na coleta do IRS a partir do segundo filho. A diferença na vossa proposta é que as crianças valem tanto mais quanto mais alto é o rendimento das famílias", afirmou o socialista, considerando que o CDS recupera uma proposta do Governo de Pedro Passos Coelho e Paulo Portas de "apoiar mais as famílias com mais posses".

Rodrigues dos Santos negou esta intenção - embora tenha aproveitado o debate para manifestar "orgulho" nesse Governo PSD/CDS que "tirou o país da bancarrota" - dizendo que o objetivo do CDS-PP é "inverter a pirâmide demográfica", pelo que são necessários "incentivos muito fortes" para as famílias.

"António Costa vive no país das maravilhas, o problema é que portugueses vivem no país de António Costa", afirmou, citando até o antigo presidente norte-americano Ronald Reagan, dizendo que o socialismo "só funciona no céu, onde não precisam dele, e no inferno, onde ele já existe".

Em matéria fiscal, António Costa prometeu que "a primeira coisa que a maioria PS fará é aprovar o Orçamento do Estado que foi chumbado", e que desdobrará o terceiro e o sexto escalões do IRS, majorando os apoios às famílias com filhos.

António Costa e Francisco Rodrigues dos Santos assumiram estas posições num debate na SIC em período de pré-campanha para as eleições legislativas antecipadas de 30 de janeiro.

[Notícia atualizada às 22h32]

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