O debate entre os presidentes do CDS-PP e do Chega, que encabeçam as respetivas listas pelo círculo eleitoral de Lisboa, foi transmitido na CNN Portugal e tinha uma duração anunciada de 25 minutos, mas prolongou-se por mais de meia hora.
Ao longo do frente a frente, os dois líderes trocaram maioritariamente acusações, críticas e ofensas entre si, tentando distanciar os dois projetos políticos, e iam falando por cima um do outro, o que levou o moderador, João Póvoas Marinheiro, a intervir por diversas vezes a pedir para deixarem o adversário falar.
Francisco Rodrigues dos Santos acusou o líder do Chega de ser um "fanático" que "não tem visão para o país" e um "cata-vento do sistema político" que "preside a uma interjeição, que quer tudo e o seu contrário".
"Um esquadrão de cavalaria a desfilar na sua cabeça não esbarra contra uma ideia", afirmou o líder do CDS, acusando Ventura de ser "a caricatura da direita que interessa à esquerda" que "só é contra a corrupção quando não são os amigos dele".
"O André Ventura não é de todo da minha direita", afirmou logo no início, apontando que a sua direita "é patriótica" e "não aceita nem segregações étnicas, não é racista, não aceita penas de morte".
Já o líder do Chega referiu várias vezes que o CDS representa uma "direita mariquinhas, que tem medo de tocar em todos os pontos, tem medo de dizer as coisas", uma "direita que se esqueceu de ser direita" e que "sempre que pode dá a mão ao PS", dando como exemplo a crise dos professores.
"Não é a direita que as pessoas queriam do CDS, nem é a direita que deveriam ter", salientou, classificando o opositor como "um menino mal preparado".
E defendeu que "quem viola, quem mata, quem viola crianças merece castigos sérios, não merece paninhos quentes".
"Sou fanático, de facto, sou fanático pelos portugueses. Sou fanático por pôr na ordem aquilo que partidos como o seu deixaram na ruína, para combater a corrupção", vincou André Ventura.
Apontando que os fundadores do CDS teriam "vergonha deste CDS de Francisco Rodrigues dos Santos", o líder do Chega referiu o adiamento do congresso do partido e acusou o centrista de ter "medo de ir a votos" internamente.
Em resposta, o presidente do CDS-PP defendeu que "um voto em André Ventura é um voto que inviabiliza qualquer solução para uma nova maioria de direita no parlamento" e recusou lições "sobre o que é ser de direita" ou de "democracia interna" de um partido que "não tem doutrina nem substância".
"Isso é que é ridículo, você conseguiu em três anos ir três vezes a eleições", notou, garantindo que o CDS "não tem pruridos em ir sozinho a eleições".
E defendeu que tem "a ficha limpa", enquanto Ventura "está completamente enlameado em casos de corrupção".
Ventura considerou também que Rodrigues dos Santos "é o líder menos legitimado destas eleições" e "a maior fraude" porque o seu "mandato termina a 26 de janeiro", dias antes das eleições legislativas.
Apesar de no início ter afirmado que o CDS é um partido pelo qual tem "imenso respeito", classificou-o como uma "bengala rejeitada" pelo PSD que "implorou por coligações".
Na reta final do debate, o presidente do CDS-PP estabeleceu como objetivo para estas eleições o partido crescer e conseguir eleger mais deputados do que os cinco que conseguiu em 2019.
Questionado sobre cenários de governabilidade, André Ventura disse que "só haverá acordo caso o Chega esteja com presença no Governo" e indicou que se o partido "tiver menos do que a maioria das sondagens lhe dão, verá caso a caso".
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