Num dos debates mais acesos desta pré-campanha para as eleições legislativas do próximo dia 30, que colocou frente a frente Francisco Rodrigues dos Santos e André Ventura, muitos foram os ataques. O presidente do CDS considerou, entre outras adjetivações, Ventura um "fanático", com o líder do Chega a dizer que os centristas representam uma "direita mariquinhas".
Num dos momentos do debate, Rodrigues dos Santos 'recorreu' a Joacine Katar Moreira, deputada não-inscrita, para atacar o adversário. "É uma Joacine ao contrário", foram as palavras do democrata-cristão.
Nas redes sociais, Isabel Moreira, deputada pelo PS, foi uma das personalidades que se insurgiu contra esta 'comparação'. "Já agora, se Francisco Rodrigues dos Santos marcou pontos em muitos momentos, é inaceitável, mas totalmente inaceitável, embora saibamos bem a intenção, que acuse o Ventura de racismo com a expressão 'é uma Joacine ao contrário'. Aliás, insistiu nisso à saída do debate", foram as palavras da socialista.
Já em declarações na CNN Portugal, na noite de ontem, Isabel Moreira - filha de Adriano Moreira, histórico centrista -, voltou a ser taxativa: "Quando se vê um líder político chamar a outro partido de 'Direita mariquinhas' várias vezes, a expressão 'mariquinhas' não é inócua historicamente. Obviamente tem a ver com uma homofobia instalada".
Mas mais. A deputada disse ainda ter "muita pena" que, quando Francisco Rodrigues dos Santos "diz e bem" que o Chega é um partido racista - "ao contrário do CDS" -, que "diga que o Chega o é porque "é uma Joacine ao contrário".
"Isso é gravíssimo. Porque ele está a fazer a tal simetria entre aquilo que não é simétrico. Está a dizer, portanto, que Joacine Katar Moreira representa uma forma de racismo, tal como o Chega representa uma forma de racismo. Não posso deixar de lavrar aqui o meu protesto", acrescentou.
"Um esquadrão de cavalaria a desfilar na sua cabeça não esbarra contra uma ideia"
No frente a frente, recorde-se, Francisco Rodrigues dos Santos acusou o líder do Chega de ser um "fanático" que "não tem visão para o país" e um "cata-vento do sistema político" que "preside a uma interjeição, que quer tudo e o seu contrário".
"Um esquadrão de cavalaria a desfilar na sua cabeça não esbarra contra uma ideia", afirmou o líder do CDS, acusando Ventura de ser "a caricatura da Direita que interessa à esquerda" que "só é contra a corrupção quando não são os amigos dele".
Já André Ventura referiu várias vezes que o CDS representa uma "Direita mariquinhas, que tem medo de tocar em todos os pontos, tem medo de dizer as coisas", uma "Direita que se esqueceu de ser Direita" e que "sempre que pode dá a mão ao PS", dando como exemplo a crise dos professores.
"Não é a direita que as pessoas queriam do CDS, nem é a Direita que deveriam ter", salientou, classificando o opositor como "um menino mal preparado".
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