Costa reitera que se perder eleições deixa liderança do PS
O secretário-geral do PS rejeitou hoje a existência de um tabu quanto à eventual viabilização de um Governo do PSD em caso de derrota socialista, reiterando que, se ganhar as eleições, será primeiro-ministro, e, se as perder, demite-se.
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Política Legislativas
"Não há nenhum tabu. Das duas uma: ou não ganho as eleições e isso significa que os portugueses querem-me rejeitar como primeiro-ministro - ao fim de seis anos, é evidente -- e, portanto, tomo a única decisão que é razoável, respeitando o voto dos portugueses, que é renunciar à liderança do PS. Ou ganho as eleições. Ganhando as eleições, assumo as minhas responsabilidades, obviamente, de ser primeiro-ministro, com o mandato dos portugueses", afirmou António Costa.
De fato azul escuro e com uma gravata verde, o secretário-geral socialista falava aos jornalistas à chegada ao cineteatro Capitólio, em Lisboa, onde decorre o frente a frente com o líder do PSD, Rui Rio, transmitido pelos três canais generalistas de sinal aberto.
Perante várias perguntas dos jornalistas quanto a uma eventual viabilização de um Governo do PSD em caso de derrota, António Costa reiterou a mensagem que tem transmitido nas últimas semanas, considerando que "a boa solução para garantir, com segurança e certeza, estabilidade nos próximos quatro anos" é "uma maioria do PS".
O também primeiro-ministro considerou "fundamental" continuar "focado na recuperação do país", em "virar a página desta pandemia" e em "garantir o progresso", sublinhando assim que é necessário que "não se repitam os episódios como aconteceram nestes últimos meses", em referência ao chumbo do Orçamento do Estado pelos parceiros da esquerda.
No mesmo sentido, Costa considerou que não podem existir "legislaturas de dois anos" nem "Governos provisórios de dois anos" -- Rui Rio tem-se manifestado favorável a um acordo com uma duração mínima de meia legislatura -- e reiterou a necessidade de "estabilidade para que as boas políticas que têm vindo a ser seguidas possam ser prosseguidas" para o país "continuar a avançar e a ter bons resultados".
Perspetivando o debate com Rui Rio, Costa rejeitou que o frente a frente possa vir a ser "decisivo", contrapondo que "decisivo é o voto dos portugueses", que escolherão quem desejam para primeiro-ministro: ou ele próprio, ou Rui Rio.
"Essa é uma escolha que cabe aos portugueses. (...) [Nós, políticos] obviamente todos temos o mesmo desejo: ganhar, ganhar pelo máximo possível. Aquilo que nos compete dizer é com toda a clareza e franqueza qual é a solução que entendemos melhor", afirmou, apelando a uma maioria do PS.
O secretário-geral do PS salientou, no entanto, que o debate com Rui Rio "veste-se de especial relevância" porque põe frente a frente "os dois possíveis candidatos a primeiro-ministro", desejando assim que "seja um bom debate", "elevado" e "muito esclarecedor".
Interrogado por um jornalista se se sente "picado" por ir a debate com Rui Rio -- o líder do PSD disse que estava "picado para vencer as legislativas" -- António Costa disse que não se "pica com pessoas".
"Aquilo que me estimula, me dá ânimo, energia todos os dias, é servir Portugal, servir os portugueses, resolver os problemas que temos e eu acho que, neste momento em que estamos a viver uma crise pandémica gravíssima, que estamos a fazer todos um esforço brutal para podermos recuperar, virar a página desta pandemia, o terem acrescentado esta crise política foi uma manifesta irresponsabilidade", disse.
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