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"É um mau resultado, não só para o PAN, mas para a democracia"

A porta-voz do PAN assumiu que se confirmou aquilo que temia: "O populismo cresceu", afirmou, na sede do partido.

"É um mau resultado, não só para o PAN, mas para a democracia"
Notícias ao Minuto

01:11 - 31/01/22 por Tomásia Sousa com Lusa

Política Legislativas

Inês Sousa Real, a única deputada eleita pelo PAN, assumiu o "mau resultado" alcançado pelo partido nas eleições legislativas de domingo e adiantou que a direção vai ter que fazer uma "reflexão interna" sobre a estratégia.

"É um mau resultado, não só para o PAN mas para a democracia, não reflete de forma alguma o trabalho empenhado que temos desenvolvido nos últimos anos", começou por referir.

A líder do PAN discursava na sala Fernando Pessoa do Centro Cultural de Belém (CCB), em Lisboa, o quartel-general do PAN para a noite eleitoral, pouco depois de chegar a confirmação de que tinha sido eleita para a Assembleia da República.

Inês Sousa Real assumiu o "mau resultado" e adiantou que "a direção terá de desenvolver a sua reflexão interna".

"Aquilo que o PAN na altura temia, de que estivessemos a abrir a porta, com a queda do Orçamento do Estado, por um lado ao populismo anti-democrático, ao fascismo, ao racismo, à xenofobia, veio a comprovar-se. O populismo cresceu, não apenas do ponto de vista democrático, mas também de iniciativas neoliberais, que nada trazem do ponto de vista de um Estado Social forte", conclui.

Para a também deputada, este resultado eleitoral pode refletir "o receio da instabilidade" política no país por parte dos eleitores e o que "pudesse ser a ascensão da extrema-direita" ou da vitória de "uma coligação de direita".

Defendendo que o país tem pela frente "o grande desafio" de retomar o combate às crises socioeconómica e climática, a porta-voz do PAN referiu que ao Chega e à Iniciativa Liberal estes temas "nada lhes diz".

Sousa Real sustentou que "uma maioria absoluta não é desejável para o país", mas disse esperar que este resultado alcançado pelo PS "não deixe para trás uma capacidade de diálogo que tem que acontecer".

"Infelizmente, nas maiorias absolutas, não há tanta pluralidade democrática quanto seria desejável", avisou, notando que o partido que lidera "esteve sempre disponível para o diálogo" e continua a querer estar "presente".

A líder do PAN e cabeça de lista por Lisboa prometeu que o partido "seja com, neste caso, uma deputada, seja com um grupo parlamentar", como já teve, vai continuar "a trabalhar com o mesmo afinco".

Questionada sobre se sente condições para continuar como porta-voz, Inês de Sousa Real indicou que o partido vai fazer uma "reflexão interna" e que ela própria vai "convocar esse mesmo momento de reflexão" junto da direção nacional do PAN.

"Mas de uma coisa podem ter a certeza: continuamos a ter representação no parlamento e, por isso, a levar as nossas causas com o mesmo empenho até que consigamos ter uma maior representação na Assembleia da República. Não é um fim, é um recomeço", frisou.

A porta-voz do partido lembrou que esta direção tomou posse há "sete meses" e que ainda não teve tempo para desenvolver o seu trabalho, recusando que os elementos da estrutura estejam "agarrados, de maneira nenhuma, a esta representação do partido".

"Cabe aos filiados do partido e ao partido decidir sobre qual é o rumo que querem para o PAN e eu estarei sempre disponível para as nossas causas", realçou.

Inês de Sousa Real lamentou que a até agora deputada Bebiana Cunha não tenha sido reeleita e disse ter sido com "tristeza" que o PAN vê sair do parlamento "forças ecologistas como o PEV [Partido Ecologista 'Os Verdes']".

"É com muita tristeza que assumo este mandato sozinha", lamentou.

"Independentemente de todas as vicissitudes que possam acontecer em democracia, às vezes, há avanços e, outras vezes, há recuos. Temos que saber que nem sempre perder é falhar. Nós falhámos um objetivo, mas conseguimos manter a nossa representação", vincou.

Nas legislativas de 2019, o PAN tinha alcançado quatro deputados: André Silva, que renunciou e deu lugar, em 2021, a Nelson Silva, e Inês de Sousa Real, por Lisboa, Bebiana Cunha, pelo Porto, e Cristina Rodrigues, por Setúbal, que abandonou o partido e passou à condição de não inscrita.

[Notícia atualizada às 02h39]

Leia Também: Legislativas AO MINUTO: PS com maioria absoluta; PAN elege Sousa Real

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