O líder do Chega, André Ventura, considerou esta quarta-feira que o seu partido, que nas eleições de domingo conquistou 12 lugares no Parlamento e o título de terceira força política, será a “oposição de que o país precisa”.
“Deixámos a garantia de que, com o Chega como terceiro maior partido e enquanto o PSD não se reconfigura e não define lideranças, nós seremos a oposição de que o país precisa”, afirmou aos jornalistas após a reunião com o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.
André Ventura sublinhou que o partido não deixará que “os erros de José Sócrates voltem a ser cometidos” e que agora, “com os instrumentos” a que tem “direito” na Assembleia da República, irá “fazer o que lhe foi impedido nos últimos anos”.
“O Chega assume uma posição de líder da oposição enquanto o PSD não se reorganizar. Como terceira maior força do país, assumiremos isso e demos a garantia ao Presidente da República de que, com total lealdade institucional e de respeito pelas regras, vamos fazer verdadeira oposição”, frisou, acrescentando que não permitirá que “se repitam os erros” das maiorias absolutas do passado.
À semelhança da Iniciativa Liberal, também o Chega irá propor o regresso dos debates quinzenais com o primeiro-ministro e considera que o “Partido Socialista” daria “uma boa imagem ao país” ao aceitar a proposta.
“Reconhecemos os resultados, são o que são. Mas reconhecemos também o papel que os portugueses nos deram e foi isso que transmitimos ao Presidente da República, de que assumiremos o lugar de terceira força política nacional e de que estaremos vigilantes com o poder socialista”, acrescentou.
André Ventura deixou ainda um alerta a Marcelo Rebelo de Sousa: “A par da fiscalização do Parlamento, é importante termos um Presidente da República ativo e também vigilante num cenário de maioria absoluta”.
Segundo o presidente do Chega, o chefe de Estado "está perfeitamente consciente dos seus deveres, perfeitamente consciente da situação política e já fez a análise da situação política".
"Aliás, se há alguma coisa em que Marcelo já tem provas dadas é na análise da situação política", observou.
Questionado sobre as críticas que tem feito a Marcelo Rebelo de Sousa, que defrontou nas presidenciais do ano passado, André Ventura respondeu que respeita o resultado dessas eleições, e acrescentou: "O que espero que Marcelo faça é aquilo que eu faria se fosse hoje Presidente da República, que é fiscalizar o Governo".
"Nós temos ainda memória do que foi a última maioria absoluta socialista, ainda se arrastam nos tribunais processos relacionados com essa maioria absoluta, e acho que é importante que o Presidente tenha a noção do seu papel de fiscalização, que a Constituição lhe atribui. Fosse eu eleito era o que faria, e foi o que exortei ao Presidente Marcelo Rebelo de Sousa que faça", reforçou.
"Espero que o Presidente da República cumpra aquilo que é o seu papel e a sua função", insistiu.
Leia Também: IL quer regresso dos debates quinzenais e "maior escrutínio" do Governo