A candidatura do Chega à vice-presidência da Assembleia da República continua na ordem do dia. Desta vez, foi a vez da deputada bloquista Joana Mortágua criticar o silêncio do Partido Socialista face a esta questão, dizendo que se fica sem saber qual a posição do partido liderado por António Costa face a essa questão.
Joana Mortágua diz assim, num artigo de opinião publicado no Inevitável, que "não se compreende o impasse [...] de António Costa relativamente a esta eleição", deixando a questão: "como votarão os 116 deputados do Partido Socialista?"
Joana Mortágua dá assim seguimento à posição já assumida pelo Bloco de Esquerda, que diz que irá votar contra a candidatura do partido que caracteriza como sendo "de extrema-direita" à vice-presidência da Assembleia da República. Na sua perspetiva, ao votar essa mesma proposta, "cada deputado estará a exprimir perante a sociedade uma consciência sobre que valores são ou não são aceitáveis" e se "o racismo e o saudosismo fascista se incluem nesses valores".
A deputada bloquista fala ainda sobre a "utilidade de erguer um cordão sanitário à volta da extrema-direita nas instituições democráticas", um debate que, nas suas palavras, "não é novo" e que tem já ocorrido "em vários países". Assim, Joana Mortágua distingue entre "isolar e ignorar a extrema-direita", dizendo que "não são a mesma coisa" e que têm "efeitos contrários".
"Reconhecer a existência eleitoral de partidos como o Chega não significa que a democracia passou a aceitar o preconceito e o ódio proibidos pela Constituição, significa a cada momento denunciar a fraude no seu discurso e a barbárie do seu projeto", defende ainda Joana Mortágua.
No que toca à "legitimação social e política das suas ideias", a deputada bloquista culpa, "em primeiro lugar, os que na direita tradicional não tem projeto próprio capaz de ganhar eleições, e encostam-se ora às agendas ora às maiorias que a extrema-direita lhes oferece". Um caminho que, em Portugal, tem sido seguido pelo "PSD e pelo "moderníssimo Iniciativa Liberal", defende.
Ainda assim, a deputada acredita que "nenhum cordão sanitário será capaz de travar o crescimento da extrema-direita numa sociedade que falha outras tarefas democráticas", como é o caso do "combate às desigualdades, à exclusão social e ao privilégio das elites".
Apesar de considerar que o "Chega tem direito a apresentar um nome para a vice-presidência da Assembleia", Mortágua diz que o partido não possui um "direito divino sobre esse cargo". Posto isto, "terá de obter a maioria dos votos", sustenta", lembrando que não seria "a primeira vez que um candidato falharia a eleição".
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