O ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, assumiu esta quarta-feira em entrevista à CNN Portugal que "temos de estar preparados para todos os cenários", incluindo o cenário de guerra, embora se ambicione apenas o de "regressar ao plano político e diplomático".
Santos Silva destaca que o "neste momento o comportamento da Rússia é imprevisível" e tem revelado que as regras não são seguidas de forma estável.
"O mundo sentiu que não pode confiar na Rússia", lembra o ministro, sublinhando, no entanto, que a via diplomática mantém-se sempre aberta.
Porém, apesar do Ocidente manter a vontade de resolver o conflito de forma pacífica, as ações de Putin colocam essa possibilidade num horizonte distante.
"A Rússia disse no domingo passado que terminaria os exercícios militares conjuntos a poucos quilómetros da fronteira ucraniana e, pelos vistos, continuaram. Putin garantiu ao presidente Macron o envolvimento para a construção do cessar-fogo e na segunda-feira surpreendeu tudo e todos com um ato que representa a violação territorial da Ucrânia", relembra ressaltando o comportamento imprevisível do presidente russo.
Augusto Santos Silva acrescenta que a Europa "responderá na hora dos acontecimentos".
Portugueses na Ucrânia? "Recomendamos o abandono" do país
O ministro dos Negócios Estrangeiros recomenda "a todas as pessoas que possam abandonar temporariamente a Ucrânia que o façam".
"Todos os dias falo com o embaixador em Kiev. Temos, neste momento, 202 cidadãos portugueses recenseados, isto é, sabemos quem são, onde estão, como podem sair de onde estão e temos esse contacto direto", explica o ministro.
Nas zonas consideradas de risco, ou seja, em Donbass, Santos Silva afirma que estavam três portugueses, mas que, neste momento, não está nenhum.
Dos 202 portugueses recenseados na Ucrânia, 90 estão em Kiev e os restantes espalhados pelo país.
Detalha ainda o ministro que, desses, 42 são apenas cidadãos portugueses e 160 são cidadãos luso-ucranianos. Destes 160, explica Santos Silva, percebe-se que "muitos digam que queiram continuar na Ucrânia" uma vez que também é a pátria deles. "O apoio consular é diferente quando estamos no estrangeiro ou quando somos cidadãos do país em que estamos. Estas pessoas são uma preocupação para todos", explica ainda.
Por fim, o político volta a aconselhar a quem o possa fazer que abandone o país o mais prontamente possível.
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