Chega pede "todos os esforços", MNE lembra que "autocracia leva à guerra"
O Chega defendeu hoje que Portugal "deve fazer todos os esforços", incluindo militares, para responder à ofensiva russa na Ucrânia, tendo o ministro dos Negócios Estrangeiros relembrado a André Ventura que "é também a autocracia que leva à guerra".
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Política Guerra na Ucrânia
Na reunião da Comissão Permanente do parlamento, que debate hoje o conflito no leste da Europa, o líder do Chega, André Ventura, condenou "sem reservas, sem palavras" a ofensiva militar russa contra a Ucrânia.
"O Chega concorda que Portugal deve fazer todos os esforços, quer do ponto de vista militar, quer do ponto de vista da aplicação de sanções económicas, políticas e diplomáticas, não só ao país Rússia, como aos seus principais dirigentes, depois do ato que hoje ocorreu", afirmou.
Perante o ministro dos Negócios Estrangeiros, Ventura perguntou o que é que o Governo pretende fazer "nos próximos meses" para responder à "escalada do preço" do gás natural e da energia, decorrente da atual situação que se vive na Ucrânia.
Na resposta, Augusto Santos Silva afirmou que "Portugal fez, em devido tempo, o que devia fazer para se tornar menos dependente de combustíveis fósseis", designadamente através do investimento em fontes renováveis de energia que hoje representam mais de metade do consumo de eletricidade e que fazem com que Portugal seja "dos países europeus menos dependentes em matéria de gás e de petróleo" da Rússia.
O chefe da diplomacia portuguesa quis ainda "chamar a atenção" a André ventura de que "é também a autocracia que leva à guerra".
"É também a ideia de que o estrangeiro é um inimigo, ou um potencial inimigo, de que há povos -- quaisquer que eles sejam -- aos quais se pode recusar o direito à existência, é o desamor às instituições liberais, às instituições democráticas, é o não querer ouvir as pessoas e não querer respeitar as pessoas, que leva à guerra, ao belicismo, ao militarismo", afirmou, perante os aplausos dos deputados.
Intervindo depois de André Ventura, o líder da Iniciativa Liberal afirmou que "é mais que tempo de passar das palavras à ação", apelando a que se dê "todo o apoio" aos portugueses na Ucrânia, aos ucranianos residentes em Portugal e a "todos que necessitem de ajuda ou de refúgio".
João Cotrim de Figueiredo defendeu também a necessidade de "apoiar as decisões das sanções drásticas que o Conselho Europeu e o próprio G7 irão tomar hoje, mesmo que tal tenha custos económicos Portugal" e de "responder à letra à ameaça inaceitável de Putin de retaliar de forma nunca vista a qualquer interferência nas suas intenções imperialistas".
"É essencial reforçar a dissuasão militar, incluindo a participação de Portugal na força de reação rápida da NATO, e desta vez a tempo de aumentar a ameaça de retaliação de qualquer intenção agressiva em relação à Polónia e à Roménia, e sobretudo aos nossos parceiros da União Europeia (UE) na Estónia, Letónia e Lituânia", afirmou.
Na resposta ao líder liberal, Santos Silva afirmou que Cotrim de Figueiredo parece seguir a tese "dente por dente", ou seja que, "se Putin escala militarmente", o Ocidente também o deveria fazer.
"A dissuasão não é bem isso. A dissuasão é nós termos e mostrarmos as nossas próprias capacidades de defesa, mas mantermo-nos no registo de defesa que é nosso: nós não somos agressivos, nós não somos ofensivos, nós não privilegiamos a via militar sobre a via política e também, na nossa reação, seguimos esses princípios", afirmou.
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