"Tenho um grande orgulho em ser europeu. Europa foi àquilo que dói"

Luís Marques Mendes admitiu, no espaço habitual de comentário na SIC, que as manifestações que decorreram no mundo inteiro ajudaram à tomada de posição da UE.

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Tomásia Sousa
27/02/2022 23:16 ‧ 27/02/2022 por Tomásia Sousa

Política

Ucrânia

O comentador político Luís Marques Mendes admitiu este domingo ter "um grande orgulho em ser europeu", depois das sanções contra a Rússia aprovadas em Bruxelas, este fim de semana, em consequência da intervenção militar na Ucrânia.

"Este fim de semana, a Europa, em vários planos, foi àquilo que dói", defendeu, dando o exemplo da retirada de vários bancos do sistema SWIFT e o apoio militar à Ucrânia. "São medidas corajosas."

No espaço habitual de comentário aos domingos na antena da SIC, o social-democrata reconheceu que "num primeiro momento", o Ocidente "deu um sinal de hesitação", tendo ficado aquém das expectativas, mas acredita que as manifestações de cidadãos, um pouco por todo o mundo, em solidariedade com a Ucrânia, tenha exercido alguma influência sobre os líderes europeus.

Tenho um grande orgulho, hoje, em ser europeu. Por um lado, pela manifestação de solidariedade da cidadania; por outro, pelos líderes europeus."

Na visão do conselheiro de Estado, a intervenção russa na Ucrânia foi premeditada e "com uma grande antecedência".

"Putin mentiu ao mundo inteiro. Durante os dias e as semanas  anteriores a esta guerra, ele mentiu ao presidente Macron, mentiu ao chanceler alemão, ele mentiu ao mundo inteiro dizendo: "não estamos a preparar uma intervenção bélica"", apontou. "Estava tudo preparado. Isto foi tudo premeditado e com uma grande antecedência."

"E a maior prova disto tudo é no plano financeiro. Putin preparou-se, com tempo, para aquilo que já imaginava que iam ser sanções económicas duras da parte do Ocidente", referiu.

Para Marques Mendes, o presidente da Rússia só percebe a "linguagem da firmeza" e, quando os "Estados Unidos e a Europa são fracos, "ele abusa".

Assim sendo, para o comentador, foram importantes as medidas avançadas este fim de semana, já que o conflito tem sido, sobretudo entre quinta e sexta-feira, "profundamente desigual".

"Com as medidas tomadas pela União Europeia (UE) ontem e hoje, continua a ser desigual mas é menos desigual", sublinha, já que a Ucrânia vai ser dotada de mais armamento.

De outro ponto de vista, afirma, esta guerra "tem outra desigualdade", opondo uma ditadura a uma democracia, o que se traduz no facto de que, na Rússia, quem "tem coragem de se manifestar é preso".

Ainda no plano das sanções económicas, Luís Marques Mendes reforça que estas "eram a única solução" e que "era impossível uma intervenção militar". Desde logo, porque a Ucrânia não é membro da NATO mas, em última instância, porque a Rússia "tem armas nucleares e isso podia espoletar uma terceira Guerra Mundial".

Na ótica do social-democrata, "Putin pode ser muito inteligente, bem preparado, muito frio a tomar decisões, mas já cometeu pelo menos quatro erros muito graves", o primeiro dos quais "desvalorizar a unidade da UE".

"Acho que ele apostou tudo em ter divisões dentro da União Europeia e os 27 serem incapazes de se entender para tomar medidas eficazes", considerou Marques Mendes.

Em segundo lugar, o comentador defende que o presidente russo desvalorizou "a resistência ucraniana". "Desvalorizou o presidente, que tem sido um grande exemplo de coragem, e a resistência do povo ucraniano", afirmou.

Por fim, Putin "deu importância em demasia aos seus amigos", como é o caso da China, e "também falhou no domínio da opinião pública".

"Putin tem, de facto, uma supremacia enorme em termos militares, mas eu acho que está a cometer alguns erros graves e por isso, ao final do quarto dia, ainda não tomou Kiev", concluiu.

A situação é preocupante, estamos a lidar com um louco perigoso, mas eu acho que a Rússia dá sinais de desespero e a forma de lidar com Putin, como dizia há pouco, não é a fraqueza, é a firmeza."

PCP "não tem coragem de condenar abertamente" a Rússia

O antigo líder do PSD condenou ainda a posição dos comunistas em relação à agressão russa contra a Ucrânia.

"É inacreditável. Perante uma invasão, uma agressão desta natureza, não têm coragem de condenar abertamente, severamente, a Rússia e o seu regime? Um regime corrupto, oligarca", acusou.

Marques Mendes disse ainda que um "partido como o Partido Comunista, que lutou clandestinamente contra a ditadura, está neste momento direta ou indiretamente a validar uma ditadura" e sublinhou que Vladimir Putin é "o maior financiador dos partidos de extrema-direita da Europa, que o PCP diz combater".

"É uma exceção à regra muito lamentável", considerou.

[Notícia atualizada às 00h23]

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