O ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, garantiu esta sexta-feira, em Bruxelas, que o conflito na Ucrânia não se trata de "uma confrontação entre a NATO e a Rússia".
"A NATO não procura confrontação com a Rússia - pelo contrário - e esperamos todos que a Rússia se abstenha de confrontar a NATO porque qualquer centímetro será defendido por todos os Aliados", afirmou aos jornalistas após uma reunião dos chefes de diplomacia da NATO, que decorreu esta manhã.
Santos Silva reiterou que a invasão militar da Ucrânia é "ilegítima" e "inconcebível à luz de qualquer regra".
Antes de participar na reunião extraordinária do Conselho de Negócios Estrangeiros da UE, que decorrerá à tarde, o governante explicou que, na reunião desta manhã, Portugal juntou-se a um "grupo de 39 países que solicitou ao procurador do Tribunal Penal Internacional que investigue os indícios", que considerou "bastante fortes" de "crimes de guerra".
A posição foi transmitida depois de, esta noite, as tropas russas terem bombardeado a central nuclear ucraniana de Zaporizhzhia, uma ação que Santos Silva considerou "evidentemente condenável a todos os títulos".
"Manifestámos também a solidariedade e o apoio à Ucrânia, às suas forças armadas e à sua resistência", assinalou.
"Insistimos no nosso direito e na nossa obrigação de fortalecer a nossa defesa coletiva, em particular no flanco leste da Aliança", acrescentou o ministro, justificando que os países de leste estão "mais próximos daquela que é a ameaça principal que enfrentamos, a Federação Russa."
Augusto Santos Silva adiantou, em conferência de imprensa, que se procedeu "à concertação necessária no plano político" tendo em vista a "necessidade de criar condições o mais rapidamente possível para que a ação humanitária de apoio às vitimas" se possa concretizar.
A reunião extraordinária de ministros dos Negócios Estrangeiros da NATO, com a participação dos ministros dos Negócios Estrangeiros da Finlândia e da Suécia e do Alto Representante da União Europeia (UE) para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, contou ainda com a participação do chefe da diplomacia ucraniano, por videoconferência, que fez o "ponto de situação dos últimos acontecimentos no terreno".
Infelizmente, neste momento, é difícil perceber quais são os objetivos do presidente Vladimir Putin e quais são os limites que ele próprio se tenha imposto", adiantou aos jornalistas. "Devemos todos fazer um esforço para parar a ação russa, para impor um cessar-fogo, para permitir que a ação humanitária se faça no terreno e para exigir que as tropas russas se retirem.""Para isso, é muito importante o apoio político à Ucrânia, o apoio que resulta das sanções poderosíssimas que nós aprovámos contra os dirigentes russos e os seus interesses económicos, mas também o apoio militar que estamos a conceder", afirmou o ministro dos Negócios Estrangeiros português. "Tudo isso tem de ser feito com uma combinação de firmeza e prudência."
E justifica: "Firmeza porque a nossa capacidade de dissuasão é a primeira e mais forte defesa que temos; prudência porque todos nós sabemos o que significaria uma confrontação direta entre a Rússia e a Aliança Atlântica e devemos evitar esse cenário".
Sobre o estreitar de relações com a Suécia e a Finlândia, Santos Silva disse que esse "é um processo que está em curso" e que "esta intervenção militar da Rússia acabou por fortalecer".
O facto de os representantes desses dois países terem estado neste encontro mostra, segundo o ministro, que a "segurança na Europa passa pela segurança de países europeus que, não sendo membros da NATO, têm igual direito à paz e à segurança".
[Notícia atualizada às 15h10]
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