O ministro dos Negócios afirmou, esta terça-feira, que Portugal vai estar do lado da Comissão Europeia em três frentes. Em reunião da Comissão Permanente, Augusto Santos Silva disse que iria haver um “robustecimento das capacidades europeias de defesa”, e que, para isso, seria necessário não só um aumento do investimento em bens e equipamentos de uso duplo - civil e militar -, como também um aumento no investimento nos campos da ciência.
Para além de um aumento da capacidade de defesa a nível europeu, esta “agressão injustificada” das tropas russas na Ucrânia terá como consequência não só a redução da dependência energética, como já tinha sido anunciado pela Comissão Europeia (CE), mas também um reforço “ao nível das renováveis” assim como a diversificação das rotas de abastecimento. A Europa deverá ainda apostar na construção de uma base económica europeia não só a nível dos combustíveis, como também em termos de matérias primas, saúde, alimentação e digital, consideradas por Santos Silva como “áreas críticas”.
O ministro condenou novamente a invasão da Rússia na Ucrânia, e sublinhou que “à luz do direito” o atual conflito no leste da Europa é “uma guerra de agressão”.
O responsável reforçou ainda que Portugal e a CE apoiam a iniciativa do procurador do Tribunal Penal Internacional na investigação de “possíveis crimes”, condenado ainda a “cumplicidade ativa da Bielorrússia”, e corroborou ainda a posição da CE, que promete estar ao lado da Ucrânia em matérias de “apoio político, material, económico e financeiro”.
“A Rússia merece toda a nossa oposição”, afirmou, acrescentando que apenas a “imediata retirada de tropas” russas será a solução para resolver o conflito, que é, segundo o responsável considera, um “abalo tectónico” não só do ponto de vista geopolítico, como também estratégico e económico.
O responsável pela pasta dos Negócios Estrangeiros ressalvou ainda a necessidade de existir "firmeza" e "prudência" nas próximas decisões, que deverão ser tomadas no próximo Conselho Europeu formal, agendado para os dias 24 e 25 deste mês. "Para conseguir uma solução política negociada e duradoura é preciso ser prudente, mas é preciso ser também firme. Não ser ambíguo, ser claro nas exigências que colocamos ao agressor que é a Rússia", afirmou.
Santos Silva disse ainda que Portugal deverá ter uma resposta imediata "na contenção de preços, preservação do emprego e proteção social" face aos efeitos da invasão das tropas russas na Ucrânia.
“Não repetindo os erros de 2010, porque não é com lógicas autoritárias que nós respondemos aos efeitos económicos da crise, nem repetindo os erros de 2014 porque, infelizmente, entre 2014 e 2022, a Europa aumentou a sua dependência energética frente a Rússia com, entre outros, uma exceção, a exceção portuguesa", disse, referindo-se à diversificação de Portugal na escolha de outras fontes de abastecimento e também na reprodução de energias renováveis, fazendo de Portugal “o país mais próximo de cumprir as metas europeias em matéria energética para 2030”.
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