Adão e Silva fala em "total alinhamento" com PR no plano das comemorações

O comissário executivo das comemorações dos 50 anos do 25 de Abril afirma que há "total alinhamento" com o Presidente da República para privilegiar ações viradas para o futuro e para o envolvimento dos jovens na democracia.

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Lusa
20/03/2022 06:19 ‧ 20/03/2022 por Lusa

Política

Comemorações 25 de Abril

"Estou totalmente alinhado com a mensagem do Presidente da República de virar as comemorações para o futuro. Devemos aproveitar este momento para evocar e homenagear os protagonistas, os movimentos que explicam a democracia, mas devemos ser capazes de transformar estas comemorações numa celebração da democracia hoje", declara Pedro Adão e Silva em entrevista à agência Lusa sobre as comemorações dos 50 anos do 25 de Abril.

As iniciativas arrancam já esta quarta-feira com uma cerimónia solene em Lisboa, embora a Comissão Nacional das Comemorações, órgão atualmente liderado por Marcelo Rebelo de Sousa - e que aprova os programas da sua equipa executiva -, ainda não esteja constituída.

Mas Pedro Adão e Silva desvaloriza: "O Presidente da República decidiu que só nomearia esse órgão depois da formação do Governo. Sabemos que tudo isso se atrasou", esclarece.

Para o comissário executivo, no entanto, até agora, tem sido muito fácil articular o plano de trabalho com o Presidente da República.

"Tudo aquilo que se vai iniciar [na quarta-feira] já foi totalmente articulado e definido com o Presidente da República, sem nenhuma dificuldade. Estou totalmente alinhado com o modo como o Presidente da República olha para esta comemorações e com a tónica que tem colocado", reforça.

Já sobre o caso da demissão do general Ramalho Eanes da presidência da Comissão Nacional das Comemorações, por alegadas divergências com a Associação 25 de Abril, Pedro Adão e Silva não comenta o caso.

"Tenho não só enorme estima pessoal pelo general Eanes, como enorme admiração por ele. Tenho a certeza de que o general Eanes, em muitos momentos das comemorações, estará envolvido e presente", declara.

Questionado sobre o papel que vão assumir os militares da Associação 25 de Abril nas comemorações, o comissário executivo assegura que esta entidade vai estar envolvida em várias iniciativas, sendo a primeira, já esta quarta-feira, com a condecoração de militares de Abril.

"A escolha [dos militares condecorados] foi articulada entre a Associação 25 de Abril e a Presidência da República. Tenho partilhado com o coronel Vasco Lourenço -- e ele comigo -- várias ideias sobre a concretização de iniciativas. Já no dia 01 de abril, faremos uma homenagem, que tem várias dimensões, a um dos símbolos do 25 de Abril, que é Salgueiro Maia -- e essa homenagem também vai envolver a Associação 25 de Abril", revela.

Nesta entrevista, Pedro Adão e Silva, sociólogo e professor universitário, salienta a importância de virar as comemorações para o futuro e para os jovens, frisando que "a maior parte da população portuguesa já nasceu depois de 1974".

"Para muitos jovens, o 25 de Abril começa a ser uma memória distante e difusa - um evento histórico em relação ao qual já não têm proximidade", assinala, antes de se referir às elevadas taxas de abstenção eleitoral entre os mais jovens -- um fenómeno que indicia afastamento em relação à democracia.

Pedro Adão e Silva aponta em primeiro lugar "desigualdades, assimetrias e novas clivagens sociais".

"Há um outro lado, que é o da valorização da participação e da pertença democrática. Uma explicação para as pessoas votarem menos prende-se com a sensação de que votar serve para pouco. Entendo que a participação e o envolvimento corrigem essa sensação, mostrando que se pode de facto mudar quando se vota, quando se participa", afirma.

Por isso, no contexto das escolas, na perspetiva do comissário executivo, "é fundamental que se consiga mostrar que a participação e o envolvimento fazem diferença".

"Quando olhamos para as práticas democráticas portuguesas, onde se verificam enormes fragilidades é exatamente nos mecanismos de participação. Isso fragiliza a nossa democracia", conclui.

Outra preocupação da Comissão Executiva é levar as comemorações a todos os pontos do país.

"Uma das primeiras iniciativas é em Lamego. A chave está no envolvimento das câmaras municipais e das escolas. Por isso, uma das iniciativas é direcionada para o público infanto-juvenil e envolve as autarquias, a rede de cineteatros e as escolas", realça, antes de deixar a seguinte nota: "A forma como vejo estas comemorações e esta estrutura não é tanto como entidade promotora das comemorações por si só".

"É uma entidade que vai tentar que o país, nas suas várias organizações e instituições, tenha as suas próprias comemorações. Portanto, vai contribuir para que se multipliquem as comemorações", acrescenta.

Leia Também: Adão e Silva? "Não vejo razão substancial para não exercer essa função"

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