Paula Santos, líder parlamentar do PCP, falou, esta quarta-feira, na Assembleia da República, sobre a decisão de convidar Volodymyr Zelensky, presidente da Ucrânia, para discursar no Parlamento português, tomada hoje, após um requerimento apresentado pelo PAN.
Num esclarecimento aos jornalistas, a representante comunista disse que "a Assembleia da Republica, enquanto órgão de soberania deve ter um papel institucional, não para contribuir para a escalada da guerra" e esse é o motivo do PCP "não ter acompanhado esta mesma proposta".
Paula Santos esclareceu ainda que "estas sessões, ao longo dos últimos anos, têm sido muito limitadas e têm sido sempre na sequência da realização de visitas institucionais ao nosso país, coisa que neste caso concreto não ocorre", salientando que, na visão do PCP, "o papel da Assembleia da Republica deve ser para encontrar uma solução negociada para a resolução deste conflito e para o desarmamento, acrescentando que a "proposta que está em cima da mesa não vai ao encontro desses objetivos".
A líder parlamentar vincou também que, "da parte do PCP, toda a solidariedade com as vítimas da guerra na Ucrânia" que neste momento está a atravessar "uma guerra que nunca devia ter começado, que já começou há 8 anos, e o que importa neste momento é a defesa da paz".
"A Assembleia da República, enquanto órgão de soberania, não deve ter um papel para contribuir para a confrontação, para o conflito, para a corrida aos armamentos. O seu papel deve ser exatamente o oposto. O papel da Assembleia da República deve ser um papel em defesa da paz", sustentou Paula Santos, em declarações nos Passos Perdidos.
Já sobre o posicionamento de Zelensky e a opinião do PCP em relação ao conflito, a responsável clarificou que "tem havido um conjunto de posicionamentos numa lógica de confrontação do conflito em que as sanções entram aqui como um elemento que não contribui para a paz, mas exatamente para esta lógica de confrontação de conflito", acrescentou, afirmando que, mantendo-se esta posição, "consideramos que não é o caminho da paz".
Recorde-se que, a 16 de março, no final da anterior legislatura, o PAN propôs ao então presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues, através de ofício, a organização de "uma sessão solene de boas-vindas", na Comissão Permanente do parlamento ao Presidente da Ucrânia.
No documento, o PAN invocou participações do chefe de Estado ucraniano via de videoconferência, apontando como exemplos as sessões realizadas no Parlamento Europeu, nos parlamentos da Alemanha e Itália, na Câmara dos Comuns do Reino Unido, no Congresso dos Estados Unidos da América e na Câmara dos Comuns do Canadá.
Na Conferência de Líderes de hoje confirmou-se que Zelensky vai tornar-se no primeiro chefe de Estado de um país a discursar por videoconferência no nosso Parlamento - falta apenas que Marcelo Rebelo de Sousa enderece o convite.
A expectativa é que a intervenção do Presidente ucraniano aconteça na semana entre 18 e 22 deste mês, divulgou Maria da Luz Rosinha.
[Notícia atualizada às 15h30]
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