"A continuidade do Governo não está de forma nenhuma em risco. As declarações do deputado Pacheco resumem-se àquilo que tem sido a prestação do deputado Pacheco. Quando precisa de atenção, faz aí uns filmes de espadas", afirmou Carlos Furtado, em declarações à Lusa.
O deputado único do Chega nos Açores, José Pacheco, disse, esta quarta-feira, que "acabou" o apoio do partido ao Governo Regional e avançou que pretende reprovar o próximo Orçamento da região, que vai ser discutido no final do ano.
Apenas os grupos parlamentares podem apresentar moções de censura ao Governo Regional no Parlamento açoriano, mas o executivo da coligação PSD/CDS-PP/PPM está dependente dos acordos de incidência parlamentar com os deputados únicos da Iniciativa Liberal e do Chega e com o deputado independente Carlos Furtado (ex-CH), para ter maioria parlamentar.
Para Carlos Furtado, as declarações de José Pacheco são "um não assunto", porque o que o deputado "diz hoje, amanhã já diz de forma diferente".
"Estou tranquilíssimo quanto a isso e acho que os açorianos têm de estar tranquilos, porque o deputado Pacheco já mostrou que é aquilo mesmo, é igual ao André Ventura [líder nacional do Chega], diz de manhã uma coisa e à tarde diz outra", avançou.
O deputado independente, que foi líder do Chega nos Açores e eleito pelo partido, disse estar convencido de que o ex-colega de bancada não vai manter a posição que assumiu até à discussão do orçamento regional, em novembro.
"Quando chegar à altura do próximo orçamento, o deputado Pacheco vai fazer aquilo que já fez da última vez e dizer que esteve em risco a não aprovação mas, entretanto, o Governo cedeu às exigências dele -- que são exigências nenhumas -- e, em função disso vai dar mais uma oportunidade ao Governo. O modelo já é recorrente", apontou.
Carlos Furtado disse também não acreditar que o deputado do Chega votasse a favor de uma moção de censura ao Governo Regional, caso o PS a apresentasse.
"Vai dar o dito por não dito. Não tenho dúvidas nenhumas disso", reforçou.
Para o deputado independente, há "assuntos sérios" na região, que merecem mais atenção da população e da comunicação social.
"Vamos falar de coisas mais sérias que preocupam os açorianos, vamos falar do problema da fileira do leite, da redução da produção de leite, como é que vai ser o futuro destes lavradores que depois vão passar para a carne, se está garantido um preço para a carne", apelou.
A Assembleia Legislativa dos Açores é composta por 57 deputados, sendo que, na atual legislatura, 25 são do PS, 21 do PSD, três do CDS-PP, dois do PPM, dois do BE, um da Iniciativa Liberal (IL), um do PAN, um do Chega e um deputado independente (eleito pelo Chega).
PSD, CDS-PP e PPM, que juntos representam 26 deputados, assinaram um acordo de governação, ao passo que PS e BE somam 27.
A coligação assinou ainda um acordo de incidência parlamentar com o Chega e com o deputado independente Carlos Furtado (ex-Chega) e o PSD um acordo com a IL.
Estes três acordos são o que garante aos partidos do Governo os três votos necessários a uma maioria absoluta no parlamento.
Se o deputado único do Chega, José Pacheco, deixar de apoiar o executivo, este passa a contar com o apoio de 28 deputados, insuficiente para garantir maioria absoluta no hemiciclo (29).
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