O comunista Bernardino Soares esteve, segunda-feira, na CNN, a comentar a presença de Volodymyr Zelensky no Parlamento, que está prevista para a próxima quinta-feira, 21 de março, às 17h00.
À semelhança do que já aconteceu em vários parlamentos, o presidente da Ucrânia discursará para os deputados em Portugal, e o PCP, que está contra a realização da sessão, ainda não confirmou se vai ou não estar presente. "Não sei qual vai ser a opção neste momento", frisou várias vezes. Mas uma coisa garantiu o ex-presidente da câmara de Loures: "Certamente, não será uma posição de aplaudir efusivamente a intervenção".
O comunista defendeu ainda que o "fundamental" nesta sessão, que também vai contar com a intervenção do presidente da Assembleia da República, Augusto santos Silva, é perceber o que significa a presença do presidente da Ucrânia no Parlamento, e não a posição do PCP.
"O que é fundamental ali é centrarmos a discussão, independente da opinião que tenhamos, no que é que significa aquela sessão. E o que é que Zelensky vai lá dizer", explicou, defendendo que "o que vai haver é um apelo à intervenção da NATO neste conflito", à semelhança do que tem acontecido quando o responsável discursou noutros parlamentos.
"Eu pergunto-me se os deputados portugueses, ou pelo menos uma parte significativa deles, vão subscrever e aplaudir este pedido", disse, lembrando também a polémica que surgiu quando o presidente da Ucrânia discursou no parlamento grego, convidando um membro do Batalhão de Azov para discursar. O 'convite' gerou algumas críticas por parte de responsáveis como o ex-ministro das Finanças da Grécia ou até um porta-voz do governo grego, que acusaram Zelensky de dar palco a um neonazi.
"O que é que pensarão [os deputados portugueses] sobre isto?", voltou a questionar.
Reiterando que o PCP "naturalmente terá uma posição que será o seguimento da posição que tomou em relação à presença ou não do presidente Zelensky por videoconferência neste debate", o ex-autarca defendeu que o que "nos deve preocupar a todos" é a existência de um "certo cheiro a macartismo no debate público hoje".
"Há uma grande intolerância em relação a opiniões que sejam um pouco - ou até muito - divergentes daquilo que se instituiu como a verdade absoluta ou o pensamento único, que tem que ser intransigentemente respeitado", afirmou.
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