"Pretendemos chamar o presidente da Câmara Municipal de Setúbal ao parlamento para prestar declarações", afirmou o deputado Bruno Nunes, eleito por Setúbal, em declarações aos jornalistas.
O deputado do Chega defendeu que também o Presidente da República "deve tomar uma posição sobre este assunto".
"Tivemos hoje conhecimento de mais uma situação lamentável que coloca em causa a segurança de alguns refugiados ucranianos, que ao chegarem ao nosso território, nomeadamente no concelho de Setúbal, aparentemente e pelas notícias que tivemos conhecimento, foram acompanhados no seu processo de entrada no país por elementos pró-russos que terão feito inclusive chegar informações acerca das pessoas, acerca dos seus familiares ao Kremlin", afirmou Bruno Nunes.
O deputado do Chega considerou esta situação "deveras preocupante".
"Setúbal não é comunista, não pode ser comunista nem pode ter esta visão pró-russa", salientou, apontando que "já não é a primeira vez" que o presidente da câmara, André Valente Martins, "tem este tipo de atitudes estalinistas", sustentando que "recentemente, em reuniões de câmara, perante a vereação da oposição, mandou calar, retirou a palavra".
E defendeu que "não chega manter a fachada aparente de alguns partidos tentarem apoiar a Ucrânia e posteriormente termos estas situações a decorrer no nosso território. É uma atitude lamentável, vergonhosa e que o Chega veementemente condena e não, nem nunca irá aceitar".
O deputado Bruno Nunes aproveitar para recordar também "o escândalo de o atual ministro das Finanças fornecer os dados de manifestantes anti-Putin ao Kremlin".
O semanário Expresso notícia hoje que refugiados ucranianos são recebidos na Câmara de Setúbal por russos simpatizantes do regime de Vladimir Putin e que responsáveis pela Linha de Apoio aos Refugiados estão a fotocopiar documentos dos refugiados, entre os quais passaportes e certidões das crianças.
Segundo aquela publicação, pelo menos 160 refugiados ucranianos já terão sido recebidos por Igor Khashin, antigo presidente da Casa da Rússia e do Conselho de Coordenação dos Compatriotas Russos, e pela mulher, Yulia Khashin, funcionária do município setubalense.
De acordo com o Expresso, Igor Khashin, líder da Associação dos Emigrantes de Leste (Edintsvo), subsidiada desde 2005 até março passado pela Câmara de Setúbal, e a mulher terão, alegadamente, fotocopiado documentos de identificação dos refugiados ucranianos, no âmbito da Linha de Apoio aos Refugiados da Câmara Municipal de Setúbal.
Igor Khashin e a mulher terão também questionado os refugiados sobre os familiares que ficaram na Ucrânia, mas a Câmara Municipal de Setúbal garante que "nunca foi feita tal pergunta".
O jornal Expresso refere ainda que Igor Khashin é um dirigente associativo com dupla nacionalidade, que se apresenta como "gestor de projetos", e que as associações a que terá estado ligado estavam nos sites da Ruskyi Mir e da Rossotrudnichestvo, instituições estatais criadas pelo Kremlin para divulgar a cultura e o mundo russos, mas que, segundo fontes citadas pelo jornal, "podem servir de cobertura a elementos dos serviços secretos" da Rússia.
O presidente da Câmara Municipal de Setúbal, André Valente Martins, do Partido Ecologista "Os Verdes", foi eleito pela lista da CDU (PCP/PEV/ID) nas últimas eleições autárquicas.
[Notícia atualizada às 14h11]
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