PS desafia PSD a votar contra texto do Chega
O líder parlamentar do PS desafiou hoje a bancada do PSD a votar contra a moção de censura do Chega ao Governo, repto a que os sociais-democratas já não conseguiram responder numa fase final do debate marcada por incidentes.
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Política moção de censura
Na última intervenção no debate, antes do encerramento, Eurico Brilhante Dias disse ter visto na bancada da IL mas, sobretudo, na do PSD "uma vontade de não se absterem [como anunciaram], mas de votarem contra".
"Gostava de dizer à bancada do PSD, não há abstenção que resolva o problema, é votando contra que separamos águas", apelou.
O líder parlamentar do PSD, Paulo Mota Pinto, ainda tentou inscrever o seu 'vice' Paulo Rios de Oliveira, mas a mesa da Assembleia da República já tinha passado à fase do encerramento, e o presidente do Chega, André Ventura, opôs-se a que fosse dada a palavra aos sociais-democratas.
"Já chega de critérios diferentes para uns e para outros ou passa a ser a balda total", afirmou, alegando que antes tinha sido recusada a palavra ao Chega numa ocasião semelhante.
"Quando o senhor deputado tiver 116 deputados nesta câmara poderá ditar o que entender ao ou à então presidente da Assembleia da República. Até lá conforme-se com o peso que o povo lhe deu", respondeu o presidente do parlamento, Augusto Santos Silva, mas decidindo já não dar a palavra ao PSD.
Este não foi o único incidente entre Santos Silva e a bancada do Chega, com o presidente do parlamento a advertir Bruno Nunes pela forma como se dirigiu quer ao Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, quer à porta-voz e deputada do PAN, Inês Sousa Real.
Depois de criticar o Governo pela situação do país, o deputado do Chega afirmou em relação ao chefe de Estado: "Enquanto isto acontece, temos o senhor Presidente da República a banhos em Copacabana a brincar com isto tudo e os portugueses a bancar".
Sobre Inês Sousa Real, considerou-a uma flor "muito bonita no meio do campo", concluindo que "um dia destes vem uma vaca e come-a".
"Permita-me que lhe chame a atenção para os termos que utilizou para se referir ao Presidente da República e a uma senhora deputada. Na minha opinião, são termos excessivos", disse Augusto Santos Silva.
Nas intervenções finais, a 'vice' da bancada do PSD Paula Cardoso acusou o Governo do PS de viver "à sombra da maioria, vulgo bananeira", e de parecer ser surpreendido pelas falhas no SNS ou nos aeroportos portugueses, mas também o Chega por querer ir "à boleia do PSD".
"O PSD não dará palco a vaidades pessoais, egocêntricas ou populismo estéreis", afirmou.
Já o líder parlamentar da IL, Rodrigo Saraiva, classificou a moção de censura do Chega como "um tiro de pólvora seca", que, depois de chumbada, até representará "uma moção de confiança a um péssimo Governo".
"A moção de censura do Chega que hoje debatemos foi anunciada na semana passada, e embora tenha sido entregue no Palácio de São Bento, por pouco não foi parar à caixa do correio do Pavilhão Rosa Mota", ironizou o deputado do PCP Bruno Dias, referindo-se ao local onde decorreu o Congresso do PSD.
O ex-presidente do PSD Rui Rio, que deixou funções este fim de semana, assistiu a parte do debate da moção de censura na quinta fila do hemiciclo e já sem a habitual gravata que costumava envergar sempre na Assembleia da República.
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