"Não podemos por isso deixar de repudiar o regime de terror, medo e perseguição que promoveu, senão veja-se o caso de ativistas como Luaty Beirão, que procurou fazer despertar a comunidade internacional para o que se passava em Angola", defendeu a deputada do PAN numa nota enviada aos jornalistas a propósito da morte do ex-Presidente angolano José Eduardo dos Santos.
Inês Sousa Real afirmou que, "ainda que se trate da perda de uma vida, o que é, por si, sempre algo a lamentar", não é possível esquecer o "legado que o ex-Presidente angolano deixou em termos sociais e económicos para o país e para o seu povo".
"Desde logo, não esquecemos que durante a sua governação se verificou uma asfixia democrática, marcada também por perseguição e prisão de opositores políticos e diversos condicionamentos à liberdade de expressão e de associação", criticou, apontando que, "mesmo com os sinais de abertura dos últimos anos, o país continua a sentir os seus efeitos, inclusive ao nível financeiro, cuja dívida é equivalente à sua fortuna pessoal".
A líder do PAN destacou também "a ausência de políticas que promovessem o desenvolvimento sustentável do país e o combate à fome e à pobreza e a outras formas de desigualdade social, algo que em muito se ficou a dever a um sistema cleptocrático - em que dinheiros públicos eram usados em benefícios de altos quadros políticos e empresariais - e de que José Eduardo dos Santos era o responsável máximo e relativamente ao qual diversos responsáveis políticos sempre mantiveram um inexplicável silêncio".
José Eduardo dos Santos morreu hoje aos 79 anos numa clínica em Barcelona, Espanha, após semanas de internamento, anunciou hoje a presidência angolana, que decretou cinco dias de luto nacional.
José Eduardo dos Santos sucedeu a Agostinho Neto como Presidente de Angola em 1979 e deixou o cargo em 2017, cumprindo uma das mais longas presidências no mundo, marcada por acusações de corrupção e nepotismo.
Em 2017, renunciou a recandidatar-se e o atual Presidente, João Lourenço, sucedeu-lhe no cargo, tendo sido eleito também pelo Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), que governa no país desde a independência de Portugal, em 1975.
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