Costa recorda posições de Sarmento. "Passismo" está de regresso ao PSD
O primeiro-ministro, António Costa, recordou hoje anteriores posições do novo líder da bancada social-democrata, Joaquim Miranda Sarmento, sobre salários da função pública e política fiscal e afirmou que o "passismo" está de regresso ao PSD.
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Política Estado da Nação
Durante o debate sobre o estado da nação, na Assembleia da República, António Costa invocou "um quadro síntese das políticas defendidas por Miranda Sarmento num manual que publicou em 2019" no qual disse que o recém-eleito líder parlamentar do PSD defende "o congelamento dos salários" e também "das prestações sociais" e uma "redução do investimento nas autarquias e nas regiões para os valores de 2016".
Segundo o secretário-geral do PS e primeiro-ministro, em matéria fiscal, Miranda Sarmento propõe nesse manual a "aplicação da coleta mínima do IRC para as 302 mil empresas que não estão obrigadas ao pagamento de IRC".
"E, por fim, eu diria que é mesmo daquelas medidas que traduz o profundo pensamento de solidariedade social do PPD liderado agora por Luís Montenegro e Miranda Sarmento, vale a pena ouvir: Criação de um IRS mínimo de 40 euros para os 2 milhões e meio de portugueses que estão isentos da coleta por estarem abaixo do mínimo de existência", acrescentou.
"Este é o pensamento económico e fiscal do velho novo revelho PSD", concluiu António Costa.
Numa interpelação à Mesa da Assembleia da República, Miranda Sarmento aconselhou o primeiro-ministro, "a bem da honestidade intelectual, a ler o livro todo e não a tabela que o seu assessor lhe passou".
"Vou ler o muito promissor livro de vossa excelência, porque sendo tão rica a tabela imagino o que seja o conteúdo total do livro", retorquiu António Costa.
O primeiro-ministro recorreu a este documento quando respondia ao líder parlamentar do PS, que dedicou a sua intervenção a criticar os sociais-democratas. Eurico Brilhante Dias recordou os "cortes em pensões e salários" feitos no período da 'troika' e defendeu que "o PSD não mudou de carril".
Na resposta, António Costa reforçou a mensagem de Brilhante Dias, afirmando que o PSD agora presidido por Luís Montenegro "entrou em marcha a ré" e fez regressar "o passado" da governação Pedro Passos Coelho, "com Maria Luís Albuquerque e toda a constelação do passismo na nova liderança".
Depois, o primeiro-ministro criticou diretamente Joaquim Miranda Sarmento, que hoje se estreou em plenário como líder parlamentar do PSD, apontando-o como "o elo de ligação entre aquilo que foi a liderança do doutor Rui Rio e aquilo que é o passismo puro e duro".
Maria Luís Albuquerque, antiga ministra das Finanças, foi a número dois da lista apresentada por Luís Montenegro para o Conselho Nacional do PSD eleita no Congresso no início deste mês.
Ainda recorrendo ao "manual" de Miranda Sarmento, António Costa realçou a proposta de "fim das licenças de funcionários públicos que estão a trabalhar em sindicatos", observando que "revela logo todo um pensamento político sobre o que é um sindicato numa sociedade democrática".
"Relativamente à produtividade das empresas, ele propõe só o seguinte: a redução em 50% das ações de formação que não sejam co-financiadas pela União Europeia", apontou ainda.
Joaquim Miranda Sarmento, economista, foi eleito líder parlamentar do PSD na semana passada, em substituição de Paulo Mota Pinto, que deixou essas funções a pedido do novo presidente do partido, Luís Montenegro -- que não é deputado.
Montenegro já tinha escolhido Miranda Sarmento para coordenar a sua moção de estratégia ao Congresso do PSD. Durante a liderança de Rui Rio, o economista presidiu ao Conselho Estratégico Nacional e foi vogal da Comissão Política Nacional do PSD.
Na sua estreia em plenário como líder parlamentar, Sarmento acusou os governos de António Costa de empobrecerem o país, o que o primeiro-ministro e o líder parlamentar do PS contestaram, contrapondo que nos últimos anos Portugal voltou a convergir com a União Europeia.
Recordando o período da 'troika", Brilhante Dias considerou que os "um ato de contrição neste hemiciclo teria resolvido grande parte desse problema" e acrescentou: "Mas querer virar a página sem assumir os erros de governação durante quatro anos, isso é que nós não vamos deixar".
[Notícia atualizada às 18h04]
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