PAN quer explicações sobre retirada da Interpol e Europol da alçada da PJ

A deputada única do PAN vai requerer a presença da ministra da Justiça no parlamento para dar explicações sobre a proposta do Governo de retirada dos gabinetes da Interpol e Europol da alçada da Polícia Judiciária.

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Lusa
26/08/2022 12:02 ‧ 26/08/2022 por Lusa

Política

Europol

Em comunicado divulgado hoje, Inês Sousa Real considera que esta intenção "é um erro crasso do Governo, quando os crimes têm cada vez mais uma dimensão internacional e complexidade elevada".

"Este tipo de decisão não demonstra qualquer visão por parte do Governo no sentido de dar seguimento a reformas estruturais, antes antecipa uma tendência incompreensível de 'desmantelamento' dos serviços", critica a porta-voz do partido Pessoas-Animais-Natureza, lembrando a oposição de sindicatos do setor da justiça.

Inês Sousa Real indica que vai "dar entrada de um requerimento para chamar a ministra da Justiça" ao parlamento de modo que Catarina Sarmento e Castro possa falar sobre o tema.

Na ótica do PAN, "a centralização de todos os gabinetes e canais de cooperação internacional, que abrangem matérias sensíveis, numa estrutura equivalente a uma secretaria de Estado e que dependa diretamente do executivo é um caminho perigoso e a evitar".

"A informação que é obtida, veiculada e tratada vai para além da informação policial administrativa, tendo caráter sigiloso e reservado por ter origem em investigações criminais em curso da competência reservada da Polícia Judiciária e, em regra, em regime de segredo de justiça", salienta Sousa Real.

A líder do PAN adianta ainda que na discussão do próximo Orçamento do Estado, "vai pugnar junto do Governo para que este faça uma aposta e investimento na Polícia judiciária, cujo financiamento tem sido muito inferior comparativamente ao das demais forças policiais".

A Europol, na esfera europeia, e a Interpol, no âmbito mundial, são estruturas que fornecem informações de natureza criminal para as diversas polícias, numa cooperação destinada a combater vários tipos de criminalidade, incluindo tráfico de estupefacientes, fraude bancária, branqueamento de capitais e tráfico de armas.

Segundo o jornal Público, existe uma intenção do Governo de colocar os gabinetes nacionais da Interpol e da Europol sob a responsabilidade do Ponto Único de Contacto para a Cooperação Internacional (PUC-CPI), uma estrutura controlada pelo secretário-geral do Sistema de Segurança Interna.

A intenção governamental, adianta o jornal, consta numa proposta de lei entregue pelo Governo na Assembleia da República e implica uma revisão da Lei de Organização da Investigação Criminal, assim como alterações na Lei de Segurança Interna.

Na quinta-feira, o Presidente da República admitiu enviar esta proposta do Governo para o Tribunal Constitucional "se tiver alguma dúvida" de constitucionalidade.

Em entrevista ao Diário de Notícias, divulgada também na quinta-feira, o secretário-geral do Sistema de Segurança Interna rejeitou que esta mudança promova eventuais interferências do poder político e garantiu que a chefia será atribuída de forma permanente à PJ.

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