"As nossas prioridades têm como principal preocupação as pessoas. Este orçamento [de 2023, que deve ser votado no parlamento regional em novembro] deve criar soluções semelhantes às do tempo da 'troika'. Deve procurar compensar a perda salarial dos trabalhadores da administração pública, sobretudo os que têm salários mais baixos", defendeu António Lima, após uma reunião com o líder do executivo açoriano, na sede da Presidência, em Ponta Delgada.
O presidente do Governo dos Açores (PSD/CDS-PP/PPM), o social-democrata José Manuel Bolieiro, está hoje a receber os partidos políticos a propósito da elaboração das antepropostas de Plano e Orçamento para 2023, que devem ser discutidos em novembro na Assembleia Regional.
De acordo com o líder regional do BE, "é possível encontrar mecanismos (seja de medidas já existentes seja de outras) para compensar a perda do poder de compra" dos trabalhadores da função pública regional.
O BE defende também o aumento, de 5% para 7,5%, do complemento regional ao salário mínimo para o setor público e privado, lembrando que em causa estão "quase 40% dos trabalhadores da região".
Nos Açores, o salário mínimo tem um acréscimo de 5% relativamente ao nacional, estando fixado em 740,25 euros.
Por outro lado, o BE pretende que seja implementado um "conjunto de apoios sociais" para compensar também as famílias devido à inflação e ao "aumento do custo de vida".
A redução do preço dos transportes públicos é outra das propostas do BE.
"Avançar totalmente para a gratuitidade das creches e ter controlo nos preços para conter o aumento da inflação nos bens essenciais" é outra das prioridades do BE.
Nos Açores, as creches são atualmente gratuitas até ao 13.º escalão.
António Lima lamentou ainda a "tremenda confusão" existente "no seio dos partidos que apoiam o governo, que dedicam mais tempo e atenção às suas guerrilhas internas do que aos problemas das pessoas".
"Isso é preocupante e lamentável. Muitos desses partidos não estão preocupados com problemas das pessoas", criticou.
O também deputado regional observou não estar preocupado com a estabilidade do governo, mas com o facto de as pessoas correrem o risco de "ficar no fundo da prioridade política" dos partidos.
Quanto a um possível voto favorável ao Orçamento, o BE diz que o analisará "no seu todo e, só depois, tomará posição".
A Assembleia Legislativa dos Açores é composta por 57 deputados e, na atual legislatura, 25 são do PS, 21 do PSD, três do CDS-PP, dois do PPM, dois do BE, um da Iniciativa Liberal, um do PAN, um do Chega e um deputado independente (eleito pelo Chega).
O Governo Regional depende do apoio dos partidos que integram o executivo e daqueles com quem tem acordos de incidência parlamentar (IL, Chega e deputado independente) para ter maioria absoluta na Assembleia Legislativa Regional.
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