Em comunicado, a CDU reivindica que a Câmara Municipal do Porto adote "medidas adequadas" para a correção do processo de substituição dos abrigos das paragens de autocarro e que impeça a "remoção de abrigos antigos enquanto não forem repostos os abrigos já retirados".
Para o partido, a substituição dos abrigos que está a decorrer na cidade "enferma de vários problemas", os quais, considera, são "reflexo das opções e características da atual maioria camarária".
"Em primeiro lugar, esta substituição não tem como objetivo fundamental melhorar as condições de conforto dos utentes dos transportes públicos, mas sim proporcionar, a privados, o chorudo negócio da concessão da publicidade na via pública na cidade do Porto", defende a CDU, dizendo que este é um "traço caracterizador da gestão" do presidente da câmara, Rui Moreira, e que o exemplo "mais expressivo" dessa gestão são as concessões de parcómetros a empresas privadas.
Contactado pela Lusa, o vereador do Urbanismo da Câmara do Porto, Pedro Baganha, afirmou hoje que as considerações do partido aliam "um enorme desconhecimento técnico à visão enviesada da realidade que a CDU sempre demonstra".
"Quando o negócio da publicidade, como eles o intitulam, não rendia nada ao município do Porto, a CDU esteve calada, agora que o negócio da publicidade vai render em 15 anos 30 milhões de euros ao município do Porto, a CDU acha que é uma visão deste executivo", disse, acrescentando que o concurso vai acarretar um "aumento do número de abrigos na cidade".
"Nós tínhamos, à data do lançamento do concurso, 569 abrigos e estão previstos na concessão que lançámos 650. Destes 650, estão instalados 80 dos novos abrigos e está previsto que a conclusão da instalação ocorra até fevereiro do próximo ano. A substituição de todos os abrigos da cidade demora tempo, por mais célere que esteja a ser", adiantou Pedro Baganha.
Na missiva, a CDU crítica também a forma como estas infraestruturas estão a ser substituídas, que, diz, "é demonstradora de um profundo desprezo pelo conforto dos utentes", defendendo que a mesma deveria ocorrer "abrigo a abrigo" e não "com a desmontagem dos abrigos antigos sem a sua reposição imediata".
"Fruto desta situação, há hoje, na cidade, dezenas de paragens sem qualquer abrigo, onde os utentes não se podem sentar ou recolher informações sobre os horários e percursos e sujeitos aos elementos. O que, com a aproximação das chuvas, se traduz numa verdadeira falta de respeito pelos utentes, suscetível de desincentivar o uso do transporte público", acrescenta.
Tecendo críticas à "primazia da exploração publicitária em vez do conforto dos utentes", o partido elenca uma série de exemplos que "comprovam esse pecado original", como a "peregrina ideia de, em alguns locais, se colocarem os abrigos de costas para a faixa de rodagem".
Quanto às considerações feitas pela CDU sobre os abrigos invertidos, o vereador Pedro Baganha considerou que são "ou um enorme desconhecimento técnico, ou até alguma má fé, tendo em consideração que a explicação para a instalação de alguns dos abrigos já foi dada à senhora vereadora em reunião de câmara".
Em 12 de setembro, Pedro Baganha afirmou, em resposta a uma questão levantada pela vereadora do BE durante a reunião do executivo, que as paragens de autocarro invertidas são a "melhor solução" em ruas e artérias da cidade onde os passeios são estreitos para acomodar abrigos "normais".
Em resposta à Lusa, a Câmara do Porto afirmou hoje que a instalação dos novos abrigos tem "um cronograma flexível e que poderá ser ajustado às necessidades".
"A Câmara Municipal do Porto estará atenta e tudo fará para minimizar o impacto da intervenção", referiu.
Em 02 de setembro, o presidente executivo da Dreammedia, empresa responsável pela instalação de mobiliário urbano no centro do Porto, disse que o conceito das paragens de autocarro invertidas tem "uma lógica" e "bom senso", tendo sido solicitadas assim pela autarquia.
A Dreammedia ganhou o lote relativo ao centro do Porto do concurso público de concessão de publicidade e mobiliário urbano lançado pelo município, e no conjunto dos lotes a autarquia estima receber cerca de 37 milhões de euros.
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