A comunicação do presidente da Rússia ao país, esta quarta-feira, num discurso onde anunciou uma mobilização parcial de cidadãos na reserva para reforçar os contingentes destacados na Ucrânia, mas também onde ameaçou o Ocidente com "todos os meios", mereceu condenação da larga maioria dos líderes ocidentais.
Também por cá, algumas figuras de vários quadrantes políticos foram reagindo ao discurso de Putin e aos acontecimentos que se seguiram, num dia em que decorre a 77.ª Assembleia Geral das Nações Unidas, que acabou, inevitavelmente, por ficar marcada por aquele comunicado.
O eurodeputado Paulo Rangel recorreu ao Twitter para opinar que o discurso do presidente russo "revela desespero e prenuncia uma escalada no conflito ucraniano".
"O apoio aos referendos-fantoche, a mobilização dos reservistas e a ameaça nuclear não auguram nada de bom. O apoio à Ucrânia continua a ser a prioridade", acrescentou.
O discurso de Putin revela desespero e prenuncia uma escalada no conflito ucraniano. O apoio aos referendos-fantoche, a mobilização dos reservistas e a ameaça nuclear não auguram nada de bom. O apoio à Ucrânia continua a ser a prioridade.
— Paulo Rangel (@PauloRangel_pt) September 21, 2022
Numa altura em que também a comunicação social deu conta de que os voos só de ida para fora da Rússia esgotaram rapidamente esta quarta-feira, depois Vladimir Putin ordenar a convocação imediata de 300 mil reservistas, a socialista Ana Gomes escreveu nas redes sociais que "é hora de dar asilo aos russos que fogem".
Time to give asylum to Russians fleeing #Russia. #SlavaUkraini!
— Ana Gomes (@AnaMartinsGomes) September 21, 2022
Mais tarde, no discurso que fez na Assembleia Geral das Nações Unidas, o Presidente dos Estados Unidos acusou a Rússia de "violar descaradamente" os valores da ONU com "a guerra brutal e desnecessária" na Ucrânia e condenou a "ameaça nuclear sobre a Europa".
A esse propósito, Rui Rio, antigo líder do PSD, escolheu elogiar o discurso de Biden, que classificou como uma "excelente intervenção".
"Afirmou valores e princípios e explicou bem a sua razão de ser, relembrando os que no passado conseguiram reconciliar nações, numa situação bem mais complexa do que a atual. Haverá, hoje, grandeza e dimensão humana para tal?", questionou numa publicação feita na rede social Twitter.
Joe Biden fez uma excelente intervenção na ONU. Afirmou valores e princípios e explicou bem a sua razão de ser, relembrando os que no passado conseguiram reconciliar nações, numa situação bem mais complexa do que a atual. Haverá, hoje, grandeza e dimensão humana para tal? https://t.co/58EOcnhK6M
— Rui Rio (@RuiRioPT) September 21, 2022
Já depois do cair da noite, com protestos a ocorrer em várias cidades russas contra a mobilização anunciada por Putin (e mais de mil detidos em todo o país), Rui Tavares, deputado do Livre, partilhou um dos muitos vídeos que circulam nas redes sociais dessa opressão aos protestos.
"Os protestos não foram suficientes para deter o início da guerra, mas seria bom que não viessem tarde para trazer o fim do poder de Putin", escreveu.
Os protestos não foram suficientes para deter o início da guerra, mas seria bom que não viessem tarde para trazer o fim do poder de Putin. #нетвойне! https://t.co/YgPVk1oOnN
— rui tavares (@ruitavares) September 21, 2022
O economista e ex-secretário de Estado do Tesouro António Nogueira Leite partilhou um desses vídeos e ironizou: "Tanto camarada na Amadora ou no Seixal disponível…. Estes jovens russos não merecem a mãe pátria que lhes calhou".
Hoje, numa comunicação ao país, o Presidente da Federação Russa anunciou a mobilização de reservistas, referendos para a anexação de territórios ucranianos e prometeu recorrer a "todos os meios ao seu dispor para proteger" o país, numa alusão ao armamento nuclear, acrescentando: "Isto não é 'bluff'".
Leia Também: Rússia. Ministro da Defesa diz que serão mobilizados 300 mil reservistas