"O Chega agendou potestativamente uma interpelação ao Governo, que terá de ser discutida nos próximos dias e por isso foi marcada uma conferência de líderes para amanhã, sobre estes casos de incompatibilidades, irregularidades e conflitos de interesses do Governo", anunciou o presidente do partido, em conferência de imprensa, no parlamento.
André Ventura considerou que "o Governo terá de estar presente para responder perante estes casos na Assembleia da República" e disse esperar que "seja o primeiro-ministro a fazê-lo", apesar de ter "pouca confiança que isso venha a acontecer".
O líder do Chega referiu as situações vindas a públicas de o ministro da Saúde, Manuel Pizarro, ser casado com a bastonária da Ordem dos Nutricionistas, ser "sócio-gerente de uma empresa de consultoria" na área da saúde e ter "tido uma assessora que constituiu uma sociedade que obteve negócios da câmara do Porto, sendo Manuel Pizarro vereador, e tinha sede na seda da empresa do ministro".
"Isto cheira a quilómetros a cumplicidades duvidosas", apontou.
André Ventura referiu também a polémica em torno da ministra da Coesão depois de ter sido tornado público que empresas dirigidas pelo seu marido receberam fundos comunitários, área tutelada por Ana Abrunhosa.
E destacou ainda o caso do ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, que, segundo uma notícia do jornal digital Observador, detém uma empresa com o pai que beneficiou de um contrato público por ajuste direto.
"Se o Presidente da República acha que isto é normal e que não deve fazer absolutamente nada, e que estamos numa fase orçamental e isto não é importante, o Chega acha o contrário", criticou, salientando que "estas situações não podem passar em claro" e "os portugueses não podem ficar com suspeitas genuínas e graves sobre os seus governantes".
O líder do Chega defendeu também que é "incompreensível que o Presidente da República, perante casos sucessivos cada vez mais graves, alguns deles evidentes, fique em silêncio" e "não tido a coragem de chamar o Governo à atenção".
"Deixa o parlamento numa situação muito constrangedora" em que "têm de ser os partidos da oposição a fazer todo o trabalho sabendo que há uma maioria absoluta que pode varrer absolutamente tudo e varrer absolutamente tudo", considerou André Ventura.
O presidente do Chega indicou também que o seu partido entregou um diploma no parlamento no qual propõe que "não possa haver de todo negócios de familiares [de governantes] com o Estado".
Depois da conferência de imprensa do Chega, o Presidente da República anunciou que vai pedir ao parlamento para reapreciar a lei das incompatibiidades e impedimentos de titulares de cargos políticos, procurando definir "um regime que pacifique as angústias da sociedade da portuguesa".
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