"Luzes na rua no Natal dão votos aos autarcas mas são gastos inúteis"
Um artigo de opinião da autoria de Joaquim Jorge, biólogo e fundador do Clube dos Pensadores.
© Joaquim Jorge
Política Artigo de opinião
"Tendo em conta a crise energética, sou a favor que se poupe na iluminação de Natal. O diretor da Agência Europeia para os direitos Fundamentais, Michael O´Flaherty, diz algo que é muito relevante, «há necessidades humanas básicas mais importantes do que ruas brilhantes».
A política é saber distinguir o essencial do acessório e fazer o possível com os meios ao seu alcance. Não é possível gastar tanto dinheiro em iluminação de Natal e as escolas não terem aquecimento. Não é possível gastar tanto dinheiro em iluminação de Natal e haver tantos sem-abrigo e pessoas com carências alimentares no limiar da pobreza.
Neste Natal, deve-se apostar na ajuda a famílias carenciadas. Reduzir ao mínimo a iluminação de Natal e utilizar a verba que sobra para apoiar famílias. Esse apoio deve verificar-se ao nível alimentar e de higiene.
É preciso bom senso e decência. Um dos direitos básicos e bem-estar humano é ter aquecimento em casa, ter de comer, limpeza e asseio. É fundamental estabelecer prioridades. Há necessidades básicas que são mais importantes do que ter ruas enfeitadas e cheias de luzes.
Provavelmente, as luzes na rua no Natal dão votos aos autarcas, nas próximas eleições autárquicas, mas são gastos inúteis, somente para encher o olho. Mete-me muita confusão! Há outras necessidades numa cidade, numa localidade que devem ser prioritárias.
Se todas as autarquias investissem menos em coisas supérfluas e passassem a dar mais atenção àquilo que tem maior impacto na qualidade de vida das pessoas.
Vamos ser pragmáticos e deixar-nos de falsas ações e voltar para a realidade. Alguém ficaria triste se não houvesse iluminação de Natal, se o dinheiro fosse bem aplicado? Claro que não.
Eu prefiro uma cidade limpa, sem buracos nas ruas, devidamente sinalizada, com proteção policial, ruas com o mínimo de luz para evitar assaltos, com IMI mais baixo, preço de água mais baixo, que abdicasse dos 5% do IRS para os munícipes e, por fim, saber que muitas famílias iriam ter uma consoada digna de qualquer ser humano.
Gosto da alegria do Natal e das suas luzes, mas não concordo que as autarquias gastem tanto dinheiro com o Natal."
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