"A FIFA não tem o poder de obrigar mais ninguém a estar presente"
Adalberto Campos Fernandes criticou, de forma implícita, a deslocação de figuras do Estado ao Qatar, defendendo que só as seleções não podem escolher não estar no destino escolhido pelo organismo que rege o futebol mundial.
© Global Imagens
Política Mundial 2022
O antigo ministro da Saúde Adalberto Campos Fernandes criticou implicitamente, este domingo, a deslocação de figuras de Estado ao Qatar, para assistir aos jogos do Mundial'2022, à semelhança do que defendeu a também ex-ministra socialista Alexandra Leitão.
"A FIFA “obriga” as seleções a estarem presentes no destino por ela escolhida mas a FIFA não tem o poder de obrigar mais ninguém a estar presente. A democracia, a liberdade, os direitos e a dignidade humana não deveriam ter matizes interpretativas a nenhum título nem a nenhum propósito…", escreveu Adalberto Campos Fernandes na sua página de Facebook a propósito da polémica em torno do Campeonato do Mundo, que começou no domingo.
Para o ex-governante, "o que se está a passar em torno do mundial do Qatar é um (mau) sinal dos tempos" e o "pecado original estará nos critérios da FIFA".
"Um acontecimento mundial com a relevância de um campeonato do mundo deveria ter como pressuposto uma maior exigência nos critérios de atribuição do evento. Os Estados democráticos deveriam, igualmente, ser muito mais coerentes na relação com terceiros. Embora se compreendam os limites da real politik a elasticidade da sua aplicação não pode ser ilimitada", acrescentou ainda.
A posição do antigo ministro da saúde está em linha com o que defendeu a ex-ministra socialista Alexandra Leitão no seu espaço de comentário na CNN Portugal. A deputada considerou que as "mais altas figuras do Estado português" não deveriam deslocar-se ao Qatar, um "estado autocrático, xenófobo e homofóbico, que, do ponto de vista dos direitos humanos, não merece nenhum respeito".
Também Luís Marques Mendes usou o seu espaço de comentário na SIC, este domingo, para defender que "deveria haver um distanciamento" do Presidente da República, do Presidente da Assembleia da República e do primeiro-ministro, dando "um sinal de descontentamento e de discordância" ao não se deslocarem ao Qatar.
Recorde-se que, na semana passada, o primeiro-ministro afirmou que os responsáveis políticos portugueses estarão no Campeonato do Mundo de Futebol, no Qatar, a apoiar a seleção nacional e não a violação dos direitos humanos ou a discriminação das mulheres nesse país.
"O campeonato do mundo é onde é. Todos temos uma posição sobre o que é o Qatar, mas aquilo que faz com que a nossa seleção esteja no campeonato do mundo é por ser uma das poucas que conseguiu ser apurada", começou por alegar António Costa.
O chefe de Governo manteve a posição de que Marcelo Rebelo de Sousa, ele próprio e Augusto Santos Silva vão ao Qatar para assistir aos jogos de Portugal.
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