A polémica em torno da antiga secretária de Estado Alexandra Reis, que recebeu uma indemnização da TAP no valor de 500 mil euros quando deixou a empresa pública, continua a dar que falar, e André Ventura, líder do Chega, aproveitou as palavras aos jornalistas numa visita ao Hospital São Francisco Xavier, esta quarta-feira, para reagir.
"A TAP é, neste momento, definida juridicamente como uma empresa pública com dificuldades. Como é que uma empresa pública com dificuldades paga uma indemnização deste valor? O que o Chega vai querer continuar a saber, e estamos dispostos a lançar todos os instrumentos parlamentares disponíveis, incluindo uma comissão de inquérito, é se houve pagamento de outras indemnizações a outros administradores, e a que administradores foi pago esse valor", considerou o líder do Chega
Ventura quer ainda saber "qual é o papel que teve a mulher de Fernando Medina [Stéphanie Silva, antiga diretora jurídica da TAP]", que se demitiu quando Medina chegou ao Governo", sugerindo que o caso pode envolver "uma teia enraizada de favores políticos".
Nas declarações aos jornalistas, às portas do hospital lisboeta, o líder do Chega questionou ainda: "Se [Alexandra Reis] não tinha competência para ser administradora da TAP, como é que tem para ser secretária de Estado? É um aspeto político que era preciso esclarecer."
O presidente do Chega falou também num "encobrimento" à volta do caso, considerando que "dificilmente Pedro Nuno Santos [ministro das Infraestruturas] tem condições" para se manter no Governo. "Estamos perante um encobrimento, não sei é de quem, é isso que temos de descobrir. A quem estamos a proteger? Será só a secretária de Estado? Tê-la deixado cair desta forma mostra que talvez seja só a ponta do icebergue", disse.
"Se Pedro Nuno Santos não falar até ao final do dia de hoje [quarta-feira], mostra que perdeu toda a autoridade política e ninguém lhe pode reconhecer mais essa autoridade (...) Dificilmente tem condições para continuar como ministro", atirou ainda André Ventura, continuando: "Ou perdeu o chão e a moral e a coerência ou tem poucas condições políticas para se manter nesta situação."
Nesta terça-feira, a secretária de Estado do Tesouro, Alexandra Reis, abandonou funções no Governo, após o ministro das Finanças, Fernando Medina, ter pedido a sua demissão, a qual foi "prontamente aceite" pela própria.
A decisão foi tomada após o Correio da Manhã ter noticiado, no sábado, que a secretária de Estado recebeu uma indemnização no valor de 500 mil euros da TAP por sair antecipadamente do cargo de administradora executiva da companhia aérea portuguesa, quando ainda tinha de cumprir funções durante dois anos.
[Notícia atualizada às 16h49]
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