2022 terminou com uma polémica que levou à demissão de Pedro Nuno Santos e 2023 começou com o Ministério que este liderava 'partido' em dois e a escolha dos já membros do Governo João Galamba e Marina Gonçalves para as funções de ministro das Infraestruturas e de ministra da Habitação, respetivamente. Se a controvérsia em torno da TAP fez correr muita tinta no Executivo de António Costa, a remodelação também não parece ter agradado à oposição.
Comecemos pelo PSD. O presidente dos social-democratas, Luís Montenegro, deixou duras críticas a primeiro-ministro e considerou que "ou o Governo muda de vida, ou os portugueses exigirão mudar de Governo", referindo que Costa foi "ao banco de reservas fazer uma remodelação que nem isso é".
Já do lado da Iniciativa Liberal, as críticas chegaram pela voz de Rui Rocha. Falando num Governo "esgotado", o candidato à liderança dos liberais defendeu que a subida de dois Secretários de Estado a ministros demonstra que Costa "perdeu qualquer capacidade de recrutar fora do círculo em que está confinado e que desistiu de qualquer ambição de renovação".
O Governo de Costa está esgotado. A subida de dois Secretários de Estado a Ministros demonstra que perdeu qualquer capacidade de recrutar fora do círculo em que está confinado e que desistiu de qualquer ambição de renovação, incapaz de merecer confiança fora da sua própria bolha.
— Rui Rocha (@runroc) January 2, 2023
Por sua vez, o presidente do Chega, André Ventura, afirmou que a escolha de João Galamba para ministro das Infraestruturas "é uma afronta ao Estado de direito e aos portugueses".
João Oliveira, dirigente do PCP, criticou o facto de o primeiro-ministro ter justificado a escolha de João Galamba e Marina Gonçalves para ministros como uma garantia "de que não haverá descontinuidade nas políticas" do Executivo, considerando que deveria acontecer precisamente o contrário.
Inês de Sousa Real também expôs a sua opinião e considerou que as escolhas de António Costa não são uma "reforma ou mudança no Governo", mas sim uma forma de "baralhar e voltar a dar aos mesmos". "É com preocupação que vemos que bem pode significar que podemos voltar a contar com as mesmas políticas até aqui prosseguidas ou com inação", afirmou.
Já no que respeita à promoção a Ministro das Infraestruturas, fica claro que o PM esgotou o banco de suplentes e perdeu a capacidade de atrair novos rostos para o Governo, em particular para uma pasta tão importante para a coesão territorial e aposta nos transportes públicos.
— Inês de Sousa Real (@lnes_Sousa_Real) January 2, 2023
Já o líder do Livre considerou que "nenhum Governo de Costa foi tão instável quanto o de maioria absoluta". Sem se referir diretamente aos novos ministros, Rui Tavares defendeu que Portugal precisa de "mais responsabilização", além de "modernizar a política com mais abertura, transparência e escrutínio", como por exemplo com a audição prévia de governantes.
Já sem assento parlamentar, o CDS-PP não deixou de notar que para o partido a escolha de João Galamba e Marina Gonçalves para ministros "mostra um governo absolutamente esgotado e a funcionar em circuito fechado".
"Experiência" e... próximos de Pedro Nuno Santos
Recorde-se que, esta segunda-feira, António Costa justificou a sua escolha, referindo que João Galamba e Marina Gonçalves "são duas pessoas com experiência governativa" e que "dão garantias de que não haverá descontinuidade no que está a ser executado" pelo Governo socialista.
No XXIII Governo Constitucional, João Galamba tem desempenhado as funções de secretário de Estado do Ambiente e da Energia, enquanto Marina Gonçalves tem exercido o cargo de secretária de Estado da Habitação.
Tanto João Galamba, como Marina Gonçalves, são destacados socialistas considerados próximos de Pedro Nuno Santos, que na passada quinta-feira renunciou ao cargo de ministro das Infraestruturas e da Habitação, na sequência de uma nova polémica com a TAP e a ex-secretária de Estado Alexandra Reis.
A demissão de Pedro Nuno Santos, que vai continuar como deputado na Assembleia da República, foi a terceira ocorrida no Governo na última semana de dezembro e a 11.ª a atingir um membro do executivo socialista de maioria absoluta.
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