O secretário-geral do PSD, Hugo Soares, justificou que o seu partido vai abster-se na votação da moção de censura ao Governo, apresentada pela Iniciativa Liberal e debatida na quinta-feira, porque "ser oposição não significa estar a pedir eleições todos os dias".
Hugo Soares, que recusa "brincar às iniciativas parlamentares", defendeu, em entrevista à SIC Notícias, que "este não é o momento de o Governo cair".
"O PSD está a ser absolutamente coerente. O PSD entende que os portugueses votaram há cerca de 11 meses atrás, este Governo tem nove meses de trabalho. E a vontade popular deve ser respeitada", explicou.
Para o social-democrata, "não faz sentido o país andar de eleições em eleições de nove em nove meses". "O país precisa de estabilidade política", atirou.
Hugo Soares enumerou ainda os vários problemas com que os portugueses se deparam atualmente, "o custo de vida", as "dificuldades quando vão às compras no supermercado", o pagamento "da renda" ou da "prestação do empréstimo bancário", os "muitos impostos" que pagam ou "os serviços públicos no mínimo".
"Somar a isto uma crise politica, que resulta em eleições, é somar instabilidade aos problemas da vida das pessoas", referiu.
Ainda assim, o facto de o PSD não votar ao lado de uma moção de censura ao Governo não significa que o Executivo "não mereça todas estas críticas". Contudo, para os sociais-democratas, "ser oposição não significa estar a pedir eleições todos os dias", garante.
"Ser crítico do Governo e desta política que conduz ao empobrecimento das pessoas e, por essa via, do país, não significa estar a pedir eleições de mês a mês numa histeria de que o Governo tem de cair amanhã. Um Governo que tem nove meses. O que nós exigimos é que o Governo governe bem", frisou, defendendo que "quem mais tem contribuído para a instabilidade política em Portugal é o próprio Governo".
No entanto, o secretário-geral do PSD assegura que, "se houver necessidade de uma moção de censura do PSD, dadas as circunstâncias, o PSD" apresenta-la-á.
"O PSD entende que este não é o momento de o Governo cair. O Governo tem as condições para Governar: queira o Governo. E é isso que o PSD exige", sublinha Hugo Soares, que indica, porém, que se "em determinado momento" o primeiro-ministro entender que já não tem condições para Governar ou o Presidente da República entender que está em causa o regular funcionamento das instituições e convocar eleições, "o PSD está preparadíssimo para assumir o país".
Até lá, recusa "brincar às iniciativas parlamentares", porque "o PSD é um partido de Estado, é um partido de Governo" e não "um partido de protesto" ou um "partido irresponsável".
Costa já nem foi ao "banco de suplentes" e revela-se "incompetente face ao que escolheu há nove meses"
Sobre a remodelação no Governo, Hugo Soares aponta que António Costa já nem foi "ao banco de suplentes", mas sim "àqueles que nem costumam ser convocados", e acusa o chefe de Governo de já não conseguir recrutar na sociedade civil. "Não capta talento para a governação de Portugal", critica.
O político defende ainda que a separação dos ministérios revela que António Costa está a confessar-se "incompetente face ao que escolheu há nove meses".
Hugo Soares questiona, também, por que razão não vai estar o primeiro-ministro na quarta-feira no Parlamento, no debate requerido pelo PSD, depois de já ter estado numa semana ausente enquanto o país "vivia um pântano político".
Por outro lado, a bancada social democrata exige saber por que o ministro das Finanças - que acusa de ser um "nado-morto" no Governo - não quis saber a razão pela qual Alexandra Reis tinha deixado a TAP.
"Se de facto não sabia que a engenheira Alexandra Reis tinha recebido aquela indemnização da TAP, o senhor ministro das Finanças é verdadeiramente incompetente, negligente, ligeiro. Porque convidou para assumir por um lado uma empresa pública, a NAV, em primeiro lugar; e depois para sua secretária de estado, sem saber por que razão ela tinha saído da TAP", apontou.
Para o secretário-geral do PSD, "há muito por explicar em relação à TAP", mas o Fernando Medina já estava fragilizado desde o verão, com o caso da "contratação falhada do dr. Sérgio Figueiredo", que iria monitorizar as políticas públicas.
"Sabemos todos que o lugar está por preencher. Era tão essencial, tão essencial, que só servia para uma pessoa", remata Hugo Soares.
"E agora, ao fim destes meses todos, o senhor ministro das Finanças convida para secretária de Estado alguém que ele não percebeu por que tinha saído da TAP, uma pessoa que ia tutelar a TAP!"
Mas o social-democrata vai mais longe e defende mesmo que Pedro Nuno Santos "não saiu do Governo por causa disto". "O ministro Pedro Nuno Santos sai do governo, na minha convicção, porque percebeu que estava 'a fritar em lume brando' pelo sr. primeiro-ministro", explica, lembrando que, na semana anterior, António Costa dissera que o único "caso grave" no Governo tinha sido o do ministro das infraestruturas, no caso do aeroporto.
O PSD anunciou hoje que vai abster-se na votação da moção de censura da Iniciativa Liberal ao Governo, que será debatida na quinta-feira.
Perante os deputados, o presidente do PSD justificou este sentido de voto, dizendo que votar a favor seria "pretender derrubar o Governo, abrir uma crise política e consequentemente pedir eleições".
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