O Livre vai, esta quinta-feira, votar contra a moção de censura ao Governo apresentada pela Iniciativa Liberal (IL), por considerar que se trata de uma "moção inconsequente, que não apresenta alternativa governativa", informa uma nota enviada pelo partido ao Notícias ao Minuto.
Na perspetiva do partido liderado por Rui Tavares, em causa está uma iniciativa que "se resume a um exercício de propaganda", tratando-se de um "mero manifesto ideológico anti-Estado Social e anti-Esquerda".
"O voto do LIVRE será contra esta moção, que nem uma linha reservou para a solução governativa a este Governo", esclarece ainda a mesma nota.
A moção de censura apresentada pelos liberais, recorde-se, surgiu na sequência da mais recente vaga de demissões no Executivo socialista. A mesma ocorreu, por sua vez, no seguimento da polémica indemnização de 500 mil euros recebida pela ex-secretária de Estado do Tesouro, Alexandra Reis, quando abandonou a administração da TAP.
Segundo dá conta o texto da moção de censura entregue no Parlamento, a IL apresentou a iniciativa por considerar que o Governo é "irreformável", seja "por convicções erradas, incapacidades políticas ou desgastes pessoais".
Para o Livre, por sua vez, a atual crise governativa nasceu a partir da "falta de escrutínio que os governantes têm", especialmente num cenário de "maioria absoluta". Por isso, elabora o texto a que o Notícias ao Minuto teve acesso, a mesma "não se resolve com exercícios propagandísticos e de marketing", mas sim "com propostas de soluções que evitem que novos casos como o de Alexandra Reis se repitam".
Uma das "soluções" que o partido apresenta para colocar um fim a polémicas desta natureza passa, na ótica do Livre, por um "escrutínio através de audições prévias dos candidatos a governantes na Assembleia da República" - à semelhança do que é feito "em vários países, assim como na União Europeia", no caso dos "candidatos a comissários". Em cima da mesa está, nesse momento, uma averiguação que é feita "para minimizar situações irregulares e possíveis conflitos de interesses".
"Esta crise provavelmente não teria acontecido se também em Portugal, antes da tomada de posse, os governantes tivessem de responder a questões da oposição. Esta é uma medida proposta pelo Livre na revisão constitucional em curso, que a realidade veio demonstrar ser essencial", explica ainda a nota enviada ao Notícias ao Minuto.
Assim, considerando que a "crise" que atualmente se vive em Portugal "é a prova que maioria absoluta não é sinónimo de estabilidade governativa", o Livre defende que o país "não precisa" de uma "instabilidade política como a que hoje vive".
E elaborou: "Numa altura de forte inflação, guerra na Europa, subida das taxas Euribor, crises na saúde e na educação, o país deveria estar focado em soluções concretas para a vida das pessoas, das famílias e das empresas".
A culpa por detrás desta situação é, na ótica do partido de esquerda, portanto, do próprio Partido Socialista (PS), que, ao estar "fechado sobre si próprio", não tem "não tem sabido ser merecedor da confiança que os portugueses lhe deram nas últimas legislativas".
A posição do Livre surge no mesmo dia em que vai ser discutida e votada, no Parlamento, a moção de censura ao Governo apresentada pela IL, que se trata já da segunda que o atual Executivo enfrenta (depois de uma outra anteriormente apresentada pelo Chega).
É de esperar que, uma vez mais, esta iniciativa parlamentar seja chumbada, apesar dos votos favoráveis prometidos pela IL e Chega. PSD, BE e PAN deverão abster-se, ao passo que PS, PCP e Livre vão posicionar-se contra a mesma.
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