Num requerimento entregue ao presidente da Assembleia Municipal de Espinho, os bloquistas consideram indispensável que a presidente da Câmara elucide quanto ao conhecimento prévio ou posterior à renúncia do seu antecessor, Miguel Reis, relativamente à ação do anterior executivo (que a atual presidente, bem como a vereadora Leonor Fonseca integravam) em matérias de licenciamentos, autorizações ou concessões relacionadas com o grupo Pessegueiro.
"Nas reuniões da Câmara Municipal, então liderada por Miguel Reis, tais assuntos nunca foram abordados? Nas reuniões do executivo liderado por Miguel Reis, a sua equipa, da qual faziam parte Maria Manuel Cruz e Leonor Fonseca, nunca obteve quaisquer informações a este respeito?", questionam os bloquistas.
O Bloco quer saber também o que a atual presidente da Câmara conhece sobre estes alegados favorecimentos, nomeadamente quantos atos políticos houve, da parte de Miguel Reis, relacionados com esse grupo imobiliário durante o seu tempo de governação do município e quais foram.
No documento, subscrito pelo vogal do Bloco João Matos, é ainda questionada qual a consequência política que a presidente da Câmara dará às decisões do seu antecessor, e que, segundo os bloquistas, se traduziram em "atentados urbanísticos", nomeadamente se irá anular tais "desastrosas e lesivas" decisões.
Finalmente, o Bloco pede que seja tornado público o documento que atesta a convocação pela presidente da Câmara da Inspeção Geral das Finanças para que esta dê início, o mais rapidamente possível, à anunciada auditoria ao funcionamento da Câmara Municipal, a começar pela área do urbanismo.
O presidente da Câmara de Espinho, Miguel Reis (PS), - que entretanto renunciou ao mandato - um funcionário desta autarquia e três empresários foram detidos na semana passada por suspeitas de corrupção ativa e passiva, prevaricação, abuso de poderes e tráfico de influências na Operação Vórtex.
A residência de Joaquim Pinto Moreira (PSD), ex-presidente da Câmara de Espinho entre 2009 e 2021, também foi alvo de buscas, mas o atual deputado não foi detido.
A operação da Polícia Judiciária contou com a presença de magistrados do Departamento de Investigação e de Ação Penal (DIAP) Regional Porto, investigadores e peritos financeiros da Diretoria do Norte, bem como de peritos informáticos de várias estruturas daquela polícia.
"A investigação versa sobre projetos imobiliários e respetivo licenciamento, respeitantes a edifícios multifamiliares e unidades hoteleiras, envolvendo interesses urbanísticos de dezenas de milhões de euros, tramitados em benefício de determinados operadores económicos", explicou a PJ.
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