JMJ? "Hoje as pessoas são muito sensíveis aos gastos públicos"

Marques Mendes recordou que esta semana deverá ser tomada uma decisão em torno dos palcos do evento, cujos custos têm estado no centro da polémica.

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Carmen Guilherme
29/01/2023 23:26 ‧ 29/01/2023 por Carmen Guilherme

Política

Marques Mendes

Luís Marques Mendes defendeu, este domingo, que deveria haver uma "estrutura única", com mais diálogo, na organização da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), que se realiza em agosto, em Lisboa, além de uma "diminuição dos custos" com o evento, depois da polémica em torno do altar-palco que será construído no Parque Tejo.

No seu habitual espaço de comentário, na SIC, o antigo líder do Partido Social Democrata (PSD) começou por notar que nos últimos dias o primeiro-ministro "teve uma semana de descanso" e que o Governo pôde "esfregar as mãos de contente", uma vez que as últimas polémicas em torno do Executivo passaram para "segundo plano" e deram lugar à controvérsia em torno do altar-palco da JMJ, que vai custar mais de cinco milhões de euros.

"Isto tem aqui um conjunto de vícios nacionais, que são muito portugueses. Primeiro, o grande vício é esta tradição nacional: Quando há uma grande obra ou um grande acontecimento em Portugal, normalmente, no início, critica-se ferozmente e, no final, aplaude-se vivamente", afirmou Marques Mendes, dando como exemplo o Centro Cultural de Belém, a Expo 98' ou a construção da Ponte Vasco da Gama.

"O que me leva a concluir que isto no final também vai correr bem", frisou, destacando que a JMJ é um "grande momento" para o país, dado que, "além da dimensão espiritual", é também um evento "de prestigio e projeção para Portugal".

Para o comentador, há depois "outro vício", também ele "muito nacional", nesta situação: "descoordenação", considerou, numa referência à organização do evento estar a ser assegurada por uma estrutura da Câmara Municipal de Lisboa e por outra do Governo, "as duas entidades principais".

"Acho que mandava a boa coordenação, a eficiência e eficácia que houvesse apenas um comando único, uma estrutura única. Que conversassem. Eu sei que entre o primeiro-ministro e o presidente da Câmara Municipal de Lisboa não corre assim uma grande química, é pena", lamentou, dando como bom exemplo o que viu noutros "tempos", nomeadamente com Aníbal Cavaco Silva e Jorge Sampaio.

"Surgiu um problema, em vez de as pessoas se sentarem à mesa, conversarem, dialogarem, houve aqui um passa culpas, na opinião publica, na praça publica", criticou.

Chegando à questão que originou toda a polémica, os custos do evento, Marques Mendes considerou que as pessoas são, atualmente, "muito sensíveis aos gastos públicos".

"Nós vivemos tempos muito especiais - já o disse a respeito da TAP. Hoje as pessoas são muito sensíveis aos gastos públicos. O país mudou, as pessoas mudaram. Há uns anos as pessoas não se indignavam tanto com grandes gastos - por exemplo, quando foram os dez estádios de futebol, há 20 anos, houve indignação, mas não com a dimensão que teria hoje", notou.

"Aos olhos das pessoas, à Esquerda ou à Direita, católicos ou não católicos, evidentemente que gastar cinco milhões num altar, por muito importante que seja, que é um exagero", defendeu, notando que até o chefe máximo da Igreja Católica, o Papa Francisco, tem dado "sinais de sobriedade" e "contensão". 

Para o antigo líder social-democrata, em toda a semana, uma "boa decisão" foi a de o presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, "mandar rever o projeto, para baixar custos e fazer uma obra mais modesta e menos custosa".

Admitindo que é uma luta contra o tempo, Marques Mendes notou, contudo, que "um palco mais pequeno, também é mais fácil de executar".

"Espero que o bom senso e diálogo entre todas as partes prevaleça", defendeu, adiantado que deverá haver "uma decisão definitiva" sobre o assunto esta semana.

Segundo Marques Mendes, as hipóteses em cima da mesa são o concretizar do que Moedas mandou fazer, "rever o projeto para ter um custo mais baixo, mais modesto, no altar do Trancão", rever a cerimónia que também irá decorrer no Parque Eduardo VII, "que também vai ter um palco" - que custa um valor "na ordem também enorme de dois milhões de euros" - ou "transferir" essa celebração do Parque Eduardo VII para Trancão. "Evita-se um novo palco, evita-se um custo na ordem de dois milhões, já é alguma poupança", defendeu.  No caso de a celebração se manter no Parque - uma decisão que cabe sobretudo à Igreja - outra hipótese é "fazer uma palco aí bastante mais reduzido".

"Só espero que rapidamente resolvam e diminuam os custos, até em nome de um outro valor: consenso", rematou, notando que tem havido um "grande consenso nacional" em torno da JMJ que "se quebrou esta semana" e que tem de ser "restabelecido", tendo em conta que é um acontecimento com "um retorno significativo" para Portugal.

Leia Também: IL critica "conjunto de decisões pouco fundamentadas, apressadas" na JMJ

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