Em viagem entre Pragal e Beja, PCP pede maior investimento na ferrovia
O PCP iniciou esta segunda-feira as suas jornadas parlamentares com uma deslocação de comboio entre o Pragal e Beja, apelando a um maior investimento na ferrovia e anunciando que vai agendar um debate de atualidade no parlamento sobre o tema.
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Política PCP
No 'arranque' das jornadas parlamentares do PCP, que decorrem entre hoje e terça-feira, os deputados Paula Santos e Bruno Dias deslocaram-se de Lisboa até Beja de comboio, como forma de testemunhar a falta de acessibilidades naquela capital de distrito.
Sem linha ferroviária eletrificada até Beja, os passageiros que queiram viajar de Lisboa até àquela cidade alentejana têm de trocar de comboio na estação de Casa Branca.
Foi precisamente o que fizeram Paula Santos e Bruno Dias que, por volta das 08:40, saíram do comboio que os trouxe de Lisboa e seguia com destino a Évora, para se juntarem ao deputado João Dias no comboio que ia de Casa Branca até Beja.
Pouco depois de entrar no comboio, a líder parlamentar explicou que o intuito da viagem era o de "abordar as preocupações e os problemas que hoje afetam o transporte ferroviário" .
"Nós consideramos que o transporte ferroviário assume uma grande importância no nosso país, é um elemento para a coesão territorial, um elemento naturalmente para a garantia da mobilidade das próprias populações, mas é também um elemento fundamental para a dinamização e para a promoção da atividade económica", sublinhou.
No comboio de quatro carruagens, com automotoras a gasóleo, os três deputados foram trocando palavras com alguns utentes, que, ao longo da viagem de perto de cinquenta minutos, repetiram queixas e apontaram para estações, como a do Alvito, emparedadas, com ervas daninhas a crescer no pavimento e sem qualquer proteção para as intempéries.
António, do movimento cívico "Beja merece mais", queixou-se de que "as pessoas idosas, quando chegam a Casa Branca, tenham de fazer o transbordo da automotora de Beja [para a linha] que vem de Évora, e que já está eletrificada".
"Isso cria vários problemas, e às vezes atrasos muito grandes, em que as condições da estação de Casa Branca não permitem que as pessoas se abriguem da chuva", lamentou.
Por sua vez, Herlânder Guerreiro queixou-se das sucessivas promessas que são feitas em tempo de campanha eleitoral - seja relativamente à eletrificação da linha ferroviária até Beja, seja no que se refere ao hospital daquela cidade -, mas que depois são abandonadas.
"Na véspera de eleições, toda a gente fala, mas no dia seguinte, no parlamento, alguns ausentam-se da sala", acusou.
Interpelada pelo deputado Bruno Dias sobre a falta de pessoal nas bilheteiras, também Maria Antónia Sobral discorreu: "O único acesso aos bilhetes para viajar é, praticamente, pela Internet".
"A maior parte das pessoas só conhece a Internet pelo nome, mas quase só se pode comprar bilhetes pela Internet, até porque a própria capital de distrito, que é Beja, tem uma funcionária na bilheteira às horas de comboio, mas nem sempre", lamenta.
No final da viagem, a líder parlamentar comunista qualificou a conversa com os utentes como tendo sido "de uma enorme riqueza" e permitindo ao PCP estar "em melhores condições para intervir sobre a questão da ferrovia".
Desde já, Paula Santos anunciou que o seu partido vai requerer a marcação de um debate de atualidade na Assembleia da República "sobre a ferrovia", para "confrontar o Governo com as soluções que são necessárias" para o país.
Entre as questões que destacou das conversas com os utentes, Paula Santos salientou particularmente "a falta de trabalhadores" e as matérias relativas aos "salários e à dificuldade em fixar trabalhadores na CP e na IP".
São dificuldades "que condicionam não só a própria oferta, os horários, mas até o próprio funcionamento das estações e tivemos a oportunidade, ao longo da viagem, de ver algumas estações que estavam encerradas e algumas já mesmo inativadas", salientou ainda.
Paula Santos apelou ao investimento ferroviário, "quer em material circulante, quer no investimento na própria rede ferroviária".
"É fundamental, aqui para a região do Alentejo, a necessidade de se avançar não só para a modernização e eletrificação da linha até Beja, do troço de Beja e Ourique e a reabertura para o transporte de passageiros entre Beja e a Funcheira", salientou.
As jornadas parlamentares do PCP começaram hoje, em Beja, com uma duração de dois dias, focadas nos direitos laborais, sociais e culturais, com iniciativas ligadas à ferrovia, saúde, produção agrícola ou infraestruturas.
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