A Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais de Crianças na Igreja divulgou, na segunda-feira, o relatório final sobre o assunto, revelando que pelo menos 4.815 crianças foram abusadas por membros da Igreja nas últimas décadas. A deputada pelo Partido Socialista (PS), Isabel Moreira, refere a "coragem inimaginável" das vítimas e reclamou que "se acabe com esta zona de não direito".
"Este número (quase 5000) é um número mínimo. Serão muitos mais as crianças e jovens abusados sob ameaça de morte, sob a ameaça insuportável do 'pecado', sob a técnica pérfida da culpa. Serão muitos mais os que se suicidaram, os que perderam a saúde mental, os que hoje ainda choram em silêncio. Foram muitos e muitas que tiveram uma coragem inimaginável de falar", começou por dizer Isabel Moreira, numa publicação na rede social Facebook, pedindo respeito e agradecendo "a essas vozes" pelos testemunhos.
Negando a ideia que se tenha de agradecer à igreja por ter pedido o relatório - "agora e só agora" - a deputada socialista afirma que tem de ficar claro "o poder/privilégio gigante" da igreja, que "encobriu" estes crimes.
"Não é surpresa, porque Portugal não haveria de ser milagre, mas o que se imaginava verdade é choque e tratemos de reclamar o Estado de direito de uma vez por todas. Que seja agora - tão tarde - que se acabe com esta zona de não direito", concluiu Isabel Moreira.
Recorde-se que a Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais de Crianças na Igreja Católica revelou, esta segunda-feira, que recebeu 512 testemunhos validados relativos a 4.815 vítimas desde que iniciou funções em janeiro de 2022.
Os relatos de abuso sexual na Igreja Católica foram ainda divulgados pela Comissão Independente, em discurso direto, que pode ler aqui.
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