Abusos na Igreja? "São décadas de cultura de silenciamento e conivência"

O partido Livre afirmou estar a acompanhar as recomendações da comissão independente "no sentido de alargar os prazos de prescrição deste tipo de crimes", para que as vítimas possam "tomar a decisão de denunciar", já mesmo na idade adulta.

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Daniela Carrilho
14/02/2023 10:18 ‧ 14/02/2023 por Daniela Carrilho

Política

Abusos na Igreja

O partido Livre reagiu à divulgação do relatório da Comissão  Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais de Crianças na Igreja, apelando pelo "fim da impunidade, fim aos encobrimentos e fim aos abusos".

O partido referiu ser "impossível ficar indiferente" aos resultados do documento, confirmando-se os "piores receios".

"O relatório demonstra a extensão e dimensão dos casos de abusos sexuais de menores na Igreja Católica. É obrigatório evidenciar a coragem das pessoas que partilharam as suas histórias e as situações que viveram, e que nunca deveriam ter acontecido, apesar de todos os entraves sociais, e mesmo interiorizados, com que tiveram de se confrontar", pode ler-se no comunicado do partido, divulgado nas redes sociais.

Na sequência daquilo que considera uma "cultura de silenciamento e conivência", o Livre acredita que "é urgente que a Igreja Católica tome ações decisivas, concretas e céleres" com estes casos, nomeadamente "apoiar psicologicamente todas as vítimas, ressarcindo-as nos casos em que isso seja pedido pelas mesmas", assim como "remeter todas as denúncias passíveis de procedimento criminal para o Ministério Público" e "afastar todos os abusadores identificados de qualquer possibilidade de contacto com menores".

A Comissão Independente recomendou o alargamento de prazos de prescrição destes crimes, com o objetivo de permitir às vítimas "já na idade adulta, tomar a decisão de denunciar e seguir com um procedimento criminal contra os seus abusadores".

O Livre garante estar a acompanhar este ato, mas acredita que é também "essencial e prioritário agir na proteção de crianças, cabendo ao Estado garantir que, seja em que meio ou ao cuidado de qualquer instituição, qualquer criança possa crescer em liberdade e segurança".

Recorde-se que a Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais de Crianças na Igreja Católica revelou, esta segunda-feira, que recebeu 512 testemunhos validados relativos a 4.815 vítimas desde que iniciou funções em janeiro de 2022.

O pico de casos terá ocorrido entre 1960 e 1990, com 25% destes reportados desde 1991. Cerca de 77% dos agressores são padres, que abusavam uma maioria de vítimas do sexo masculino, com uma média 11,2 anos de idade.

Os relatos de abuso sexual na Igreja Católica foram ainda divulgados pela Comissão Independente, em discurso direto, que pode ler aqui.

Da esquerda à direita, os partidos reagiram aos resultados do relatório sobre abusos na Igreja, assim como aos testemunhos das vítimas neste contexto.

Leia Também: Pedido de perdão às vítimas não será apenas "uma questão de palavras"

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